Da janela vê-se o corcovado
e uma lua tua como eu sempre procurei,
dos meus olhos saem mares,
choro porque choras,
porque prefiro pensar que choras também.
Vê-se o Rio muito bem aqui de cima,
e há tanta mágoa junto a mim
que eu mal vejo o sol sair,
mesmo nesses dias de calor, de verão,
mesmo nesses meses que não existem estações.
Meu peito é o lugar mais frio do Rio,
e eu ainda insisto em sofrer por você,
em perdurar esse amor machucado que você tem pra me dar,
pra infligir a minha alma.
Meu peito é o lugar mais frio do Rio,
é o lugar mais frio onde é possível sentir dor,
o lugar mais frio do lado de cá da linha do equador.
Da janela vê-se o corcovado,
vê-se o mar e um horizonte plano,
é fácil sentir a brisa, a maresia,
e há ainda um cinzeirinho de cobre pra compôr a vista...
Vê-se bem a tristeza do mundo aqui de cima,
desse mundo cansado e repleto de desilusão,
mundo estranho, estancado de nós.
Meu peito é o lugar mais frio do Rio,
e eu ainda insisto, eu ainda insisto,
eu ainda sonho com o seu amor mal cuidado,
com o seu olhar esvaziado,
e com o brilho, o brilho,
o brilho...
Do dia que há lá fora,
da vida que há lá fora,
do mundo triste e cansado,
do rio quente ou frio,
do cristo, do corcovado...
E do seu, do seu.
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