quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Espelho

Eu hoje acordei como um café amargo
escuro e desagradável,
desmanchado em tristezas
refeito inteiro em maldades.

Eu hoje acordei como um vilão de um filme do 007,
me encontrando em objetivos absurdos,
em maldades pequenas,
em desejos mesquinhos,
me encontrando no rancor,
numa raiva inexplicável.

Eu acordei e olhei através das janelas de casa,
eu desejei tanto mal,
eu quis que tudo desaparecesse
só pra eu poder gritar,
pra eu poder enfim me entregar,
pra ser sem dor e julgamento
todo esse mal que eu possuo.

Ah, eu preciso de um novo mundo,
preciso pra poder guardar todo esse ódio,
uma terra, umas duas, um sol,
um sol pra queimar todas as feras
que existem dentro de mim...

Eu preciso de um novo mundo
pra queimar os meus inimigos,
pra chorar sangue em velas vermelhas,
e entender que eu não sou mais o mesmo.

Há aqui uma vilania incontrolável,
sentimentos abjetos para com o resto do mundo,
eu devo ser um tirano reencarnado,
devo estar a vidas e vidas sem ser amado,
eu devo muito, muito mesmo,
deve ser isso,
eu quase consigo ver no espelho.

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