Eu disse a ela
que nada era mais como foi antes,
que não viveria à sombra desse amor
e que a volta e o braço a torcer não bastariam,
mas não é que eu tenha superado,
é que eu me sinto um rato
cada vez que lembro o quanto ainda a amo.
Eu voltaria no tempo
já que ando esquecendo
das tantas coisas que me fizeram feliz,
as mil noites em claro
e os dias solenemente ignorados,
por amor e vício,
e amor aos vícios,
rebeldias que não voltam nunca mais.
Hoje eu ainda me pego pensando,
distraidamente, sozinho,
pensando se agradeço ou se esqueço tudo de uma vez,
se agradeço como fez o poeta certa vez,
se te faço vilã, se te roubo da vida mais uma noite,
mais uma manhã...
Eu ainda me pego pensando,
cuidadosamente planejando,
maquinando cada passo e palavra,
cada sorriso e cada lágrima,
conjecturando sobre um encontro casual,
o dia em que vou te dizer...
Que nada é mais como foi antes,
que eu não vou viver à sombra desse amor,
e que voltar e dar o braço não te salva,
por mais que ainda não tenha superado,
não quero me sentir como um rato
sempre que esquecer que devo detestar você,
sempre que eu me descuidar
e não lembrar que na verdade eu devo odiar você.
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