sábado, 21 de novembro de 2015

O que vejo nela

Se ela soubesse me chamaria de louco,
acho que não aceitaria de jeito algum o que eu tenho pra dizer,
se soubesse por alguém então, talvez me matasse,
talvez me alvejasse com um sapato, uma panela,
talvez me queimasse com um cigarro,
e certamente me fitaria com aqueles olhos
como que me embrulhando pra presente,
me amassando lentamente, querendo que eu morresse,
que eu não fosse esse idiota que ela pensa que eu sou.

Ah, se ela soubesse...

Se soubesse, provavelmente ia dar uns passos pra trás,
arregalaria seus dois lindos mundos castanhos,
olharia uma última vez a minha cara
e então me desceria a porrada.

Ah, ah se ela soubesse...

Se passasse pela cabeça dela um instante que fosse,
por um milésimo, um milionésimo de segundo,
se seu subconsciente plantasse essa idéia,
se de repente houvesse um insight,
se ela avaliasse mais atentamente,
se houvesse sensibilidade suficiente...
ela arrumaria um jeito de me escalpelar,
ela provavelmente me faria desejar ter feito tudo diferente.

Ah se ela soubesse...

Se soubesse faria eu mentir melhor pra ela,
e eu já minto bem sabendo que ela nem suspeita de nada,
faria eu mentir porque não ia querer acreditar,
viveria no esquecimento,
mas não aceitaria minha verdade.

Ah, ah se ela soubesse...

Se desconfiasse que eu sinto tanto,
que eu me culpo tanto,
que eu me nego tanto, mas que é porque amo tanto,
tanto que nem sei falar,
não sei fazer ela entender,
não sei de nada.

Ah se ela soubesse que meu peito aberto é um blefe,
que esse não ligar é amor demais e não amor de menos,
se ela soubesse que penso nela todo dia o tempo todo,
se soubesse que amor pra mim não é mais Vinicius, nem Deleuze,
nem Chico e nem Jobim...
Amor pra mim é o que vejo nela.

Ah se ela soubesse,
se soubesse ficaria uma fera.

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