A luminosidade latejante
e tormentuosa do impiedoso astro-rei,
hoje disseca os poros,
cega quando chega nos olhos...
Covardia.
Penso que deveria ser decreto,
domingo é dia triste!
Sim, deveria chegar aos ouvidos de todos,
estar sempre em domínio público,
todo domingo é sujeito a intervenções violentas
para deter qualquer sintoma de alegria.
E veja só, é covardia,
domingo não pode fazer esse azul,
Deus precisa saber disso...
A não ser que seu time ganhe,
que a sogra empacote,
que você acerte os seis números da loteria!
A não ser que o dólar caia,
que a mulher subindo a escada esteja de saia,
que você abandone ipanema e vá viver na marambaia...
Tendo essas e não outras muitas situações em curso,
penso que aceito viver um domingo solar.
De resto, preciso é de chuva,
no Rio é dificil;
mas fog, saca?
É, ressaca mesmo,
preguiça de acordar,
horror de abrir os olhos,
asco de toda vida falante e muito próxima.
Domingo é o dia oficial
de todo sentimento misantropo,
é o dia do alívio,
de sentir a leveza de não ser importante,
de não ser ninguém, ser poeira das estrelas,
a doença do planeta, o lixo da galáxia...
domingo é dia de choque de realidade.
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