quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Personagens

Já não tiro do papel meus acidentes de verão,
matei meus personagens num dia que chovia,
em boas horas de tédio
onde eu serenamente me consumia.

Matei Maria Fernanda,
e eu a amava tanto,
morreu em minhas mãos,
morreu de inanição.

Era tristeza que ela sentia,
e eu não podia escrever diferente,
os olhos dela em mim não mentiam,
era de tristeza que ela morria,
e eu não podia escrever diferente.

Matei meus personagens mais amados,
soterrei todos eles nas areias do meu mais profundo esquecimento,
eu deixei pra trás, eu não pude continuar,
eu não era bom assim, precisava parar,
eu precisava viver umas coisas mais,
reviver, reviver umas coisas más.

Nenhum comentário:

Postar um comentário