Ando perdido de mim mesmo,
tenho sentido um peso nos ombros,
são os pianos que carrego;
e cruzes, eles já são tantos.
Tenho sentido um vazio,
coisa de corpo e de alma,
minha mente não está clara,
os pensamentos voam, me escapam,
e não há nada que eu possa fazer.
N'outros tempos eu me receitaria umas boas horas dos meus poetas,
costumava funcionar, costumava levantar o meu astral,
mas hoje, hoje receito apenas o silêncio,
e recito minhas tristezas em voz alta,
soluço e revezo o choro de criança
com o medo de morrer assim, aqui, sozinho.
Ando realmente perdido, vivo como se apenas contasse os dias,
como se esperasse tudo acabar,
tudo virar pó bem na minha frente,
mas, sigo em frente,
não enfrento, reluto, me interno em sofrimentos,
enterro minhas vontades, eu seco, a fonte seca,
já não sei se duro, se vivo ou se morro,
não sei se duro, mas não me retiro fácil daqui,
só vou, um dia,
num surto, quem sabe, de noite ou de dia,
não sei... mas vou.
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