Sinto falta do cheiro de ipanema nas tuas roupas,
falta da calma que dava no meu coração quando você fechava as cortinas,
quando o sol saia e a gente alimentava o mundo da nossa moleza,
da nossa presteza para com a preguiça de viver.
De vez em quando, de boca aguada,
me lembro dos seus jantares,
viajo nas memórias,
ainda permaneço seu.
N'outras horas sinto raiva
e já sem esperança
penso na tua indiferença,
disfiro socos nas paredes.
Vivo de lamentações, mesmo de longe,
só você me salva dos meus marasmos,
só o pensamento em nós me tira da inércia,
me arrasta inteiro dos dias de sol,
o foco na tua volta, a vida do teu lado,
o mar calmo, a vista do teu quarto.
Só você me salva do meu caos,
só você e aquelas noites
contando os postes da barão da torre,
bêbados e apaixonados,
dançando e chorando ao som dos nossos mortos preferidos,
dos nossos bruxos mais queridos,
mentores ilustres da nossa paixão,
donos das epígrafes flutuantes no nosso amor...
Ah, como eu sinto falta do cheiro de ipanema nas tuas roupas,
falta da calma que tinha presente naqueles rituais,
nos simples rituais dos nossos dias,
nossas mil horas vazias,
seus olhos, suas covas, suas marquinhas,
os incensos, os tapetes, você nua na cozinha.
De vez em quando eu preciso disso,
preciso lembrar,
viajar nas memórias,
pensar nas coisas felizes.
Só você me tira desse marasmo,
somente você me dá esses dias de vida,
não fosse assim,
eu nem sei como seria.
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