Tenho sido um bocado do contra nessa vida,
mas eu vejo que não há mesmo lugar pra ser feliz
sem viver precisando estar sempre coberto de razões.
Que mal faz
se eu prefiro o nú artístico,
se não troco poeta nenhum desse mundo pelo místico,
se eu não mudo de Chet
e permaneço fiel ao Baker,
é que apesar de tantos modismos,
eu não me interesso por muitos Fakers.
Meu Lee preferido
nunca foi o Bruce nem o Jet,
e meu sonho dourado
nunca foi transar com a Giselle.
E que mal tem isso,
do que é que se trata
essa mania de mesmices?
Eu nunca gostei de textos repetidos,
das falas manjadas dos filmes,
de advérbios de modo,
nunca fui fã de excelentíssimos,
não me seduzo com pouco,
eu não me entrego por qualquer tesouro...
E que mal faz
se não entendo muito dos astros,
é que eu prefiro dos signos, os karmas,
sempre gostei de um bom sofrimento.
E que mal faz, né,
se de tudo no mundo eu só quisesse um lugar,
e se o lugar que eu quisesse não tivesse ninguém,
e se, e se...
Que mal tem, né,
que mal haveria se o mundo acabasse?
Eu só sentiria falta dos pianos,
dos longos anos que passei me entorpecendo nas notas dos maestrões,
eu só sentiria falta do futebol às quatro da tarde,
dos locutores do rádio, dos gritos de gol,
eu só sentiria falta dos cafés do leblon,
das meninas na rua, dos dias quentes de lua...
Ah, é que eu nunca gostei das coisas no lugar,
eu fazia diferente, até quando era gente,
eu não era gente como essa gente é,
não tinha estômago, eu me entregava,
se me deixassem falar eu derramava meus poetas pela rua,
eu não mentia, eu dizia que prefiro Schimidt a Vinicius,
que meu grande bruxo sempre foi e sempre será o místico,
que nunca levei jeito pra acadêmico,
e que acho toda contemporaneidade um grande equívoco.
Mas que mal tem né, mal nenhum,
mal nenhum eu acho...
Pra um Onésimo convicto, já penso que vivo bastante,
que tenho o suficiente pra não pensar em me matar.
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