quinta-feira, 26 de julho de 2012

Portugofilosófico

As rosas secam nas paginas amareladas
dos seus versos preferidos...

E aqui de cima das pedras hoje eu vejo que as areias
estão mais brancas que o normal,
e as minhas lusitanas na canela,
gritam a saudade de um outro carnaval...

Porque ainda que ela respire longe e viva outros ares,
ainda que ela só pise leve por aqui pra eu não notar,
os cantos dessa casa e as ruas desse lugar
guardam aqueles passos,
guardam esses rastros que não me pertencem,
e que só me enchem de saudades.

São pontos pra ninguém botar defeito,
coisas tomadas e deixadas por pressa e despeito,
objetos largados que só fazem o efeito contrário,
são lembranças dos tempos de rei,
são os dias de sumiço riscados no quarto.

E mesmo que brindado com esta conformada forma de viver,
com esse jeito omisso, pacato,
de aceitar e pronto,
de levar a vida, ser feliz e ponto...

Não há nada nesse mundo que me assuste mais
do que não poder contar e cantar
o meu tropeço nos sonhos dela...

Nada que me assuste mais do que ver os anos
jogando outras cartas no baralho,
me tratando de otário e sumindo com tudo que eu amei.

Esmerilhando as dores mais lindas,
jogando no sol pra curtir,
fazendo elas acreditarem que vão se dissolvendo sem peso na alma,
amalgamando o sofrer do amar em vida e corpo,
em dor que bate... coração!

Pulsando a mais viva forma de se sentir a paz,
jogando nas veias com o sangue pra se dissipar,
trancando nos cantos do corpo os desejos
e as lembranças que não se devem fazer lembrar.

Sim, essas são as minhas ilhas de paz!

Guardadas com algum medo, só pra ainda me manter refém,
em forma de um arquipélago de desastres póstumos,
vigiado pelos dois mil cavalos calados de sempre,
e tomado nas margens pelas águas choradas,
e as caravelas roubadas de todo o meu lamento portugofilosófico.

Imagem do dia!


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Amor simplista

De novo eu quis viver
pra ser o déspota do seu corpo,
para mentir pra mim
e fugir do que eu mais queria...

Amor simplista, de sim e de não,
sem porém, sem porquê, sem talvez,
eu quis você de novo,
eu quis mais uma vez.

Pra um breve replay, sem dublês de corpo,
sem medo de trocar os nomes sem querer...

E poder viver daquelas vivas noites saturnais,
dos dias mortos de frio derramado nos lençóis,
de vida sem preocupações,
de amor, até nas sempre más intenções.

De novo eu quis viver
pra ser só seu e de mais ninguém,
pra botar estacas nessa zona nossa,
e fazer valer a vida de bossa
que tanto gostamos de cantar...

Amar e levantar todos os dias da cama
para entoar a trilha óbvia,
que mesmo no inverno dos seus olhos
ainda pode me fazer amar a vida inteira,
aquecendo todo o desejo
no inferno à dois dos nossos corpos.

Amor simplista, de sim e de não,
sem porém, sem porquê, sem talvez, sem medo,
eu te quero pra sempre,
te quero muito mais que uma vez.

Amor é dor e fim

Não sei o que se passa em mim
o que é de dentro e dói
o que é de fora e faz meus olhos serem mar em fuga constante.

Eu já não entendo mais
e não sei quanto vale o preço dessa paz
não sei se há amor que pague
ou algo que apague esses romances tão carnais.

Homem chora!
E nobre é o que consegue amar assim.

O clichê é fato, é veraz.
Amor é dor e é bonito mesmo quando dói em mim.

Eu já nem procuro entender,
é crueldade perambular por ai querendo esconder.
As minhas lágrimas não descem no escuro,
eu preciso da sua luz, dos teus segredos
eu preciso da tua voz, dos teus olhos negros.

Homem chora!
E nobre é o que consegue amar assim.

O clichê é fato, é veraz.
Amor é dor e é bonito mesmo quando dói em mim.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Imagem do dia!


Branca

Branca, esses olhos pretos me derretem
me remetem a noites de poucas coisas pra dizer.

Como um déjà vu de lágrimas que só caem num vazio
e acabam num cenário feito de eu e você...

Branca, eu não brinco
esses olhos pretos me trazem tanto de paz
que eu nem preciso de algo mais pra te querer.

Sou um clichê ambulante
e quando paro pra te olhar nem que seja por um instante,
eu só consigo frases feitas...
Palavras que você nem notaria se eu escrevesse no ar.

Branca, eu não brinco...
você roubou a poesia da minha alma
e me levou bem mais que as palavras,
levou bem mais que a calma; e por fim...

Me fez um clichê feliz.

sábado, 21 de julho de 2012

Não sofria tanto

Olhos de calmaria
de mundos mudos, sem importância.
De paz, amor e harmonia
a qualquer instante, em qualquer instância...

Inocência e indecisão,
sempre em passos lentos pela orla.
Pouco importa já que da boca pra fora
o mundo é sempre um mar de rosas.

Fale o que quiser falar, diga como quer viver,
realize teus sonhos, teus medos, cometa os erros no replay.

Pra que ter medo dessa vida
se nada somos, nem sabemos mais...
do que deveriamos só vemos muito pouco
assim como o amor, assim como vivemos medindo a dor.

Levianos anos sem se deixar ir,
levamos anos de vontades pra que acumulem-se em pena,
no ego enorme da vida, dessa eterna agonia de ser...

Sem ver de novo
que é o simples que te faz lindo sem que saiba.

E a utopia do entendimento é que te mata
e arranca aos poucos, sem nenhuma dor, o que te fazia puro...

Ah, antes fosse burro... Não sofria tanto assim!

Há quem discorde...
Mas a ignorância ta na cara de quem é feliz.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Não-me-toques

Menina, menos não-me-toques,
levante o seu vestido...
E não olhe como se não tivesse me ouvido.
Hoje a noite está tão clara,
não há por que negar os meus pedidos.

Melhor que do que ser só
é agir feito uma despudorada
é amar o momento e não pensar em mais nada
é jogar e só vencer nessa imensa cilada que é viver.

Amor bote as cartas na mesa
e não me diga que só trouxe o can-can
não aja feito uma louca
não me faça desabafar num divã...

Jogar poker com dominós
traduz como eu entendo você
perfeitamente insana
indefectível dama que não vale um peão de xadrez.

Menina, menos não-me-toques,
levante o seu vestido...
E não aja como se nunca tivesse me visto,
não olhe como se nunca tivesse ao menos pensado nisso...

Não há por que negar nenhum dos meus maldosos pedidos.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Vestido azul

Difícil não notar
não me derreter ao te ver nesse vestido azul
nessas curvas de bem me quer
nos olhos de vem pra mim, meu amor...

Eu nunca fui de sonhar longe
e você mora aqui do lado...
Me disse tantas coisas lindas
me conquistou pelo compasso.

E depois dos desencontros
por capricho do acaso...
As tuas mãos nas minhas
são o verso mais bonito já cantado.
Escrito, encomendado, com grande zelo lá de cima
e com perdão da ausência de rima...

Eu vi toques sutís no tempo
pra que nós fossemos felizes demais...

Até o pra sempre acabar.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Café

O café quente na cabeceira desperta
mas ainda não tem o poder de me presentear 
com a famigerada e superestimada vontade de viver.

De num passe de mágica, sorrir pro mundo e me resolver
decidir botar os passos soltos em alguma direção...

Não... E não só por hoje.
Sempre, desde que me conheço por gente 
isso de aceitar o entorno e caminhar direito sempre me doeu
sempre precisei da dispersa, dilúida e pouco requerida...
Vontade de amar! Antes de tudo.

Pra ter vontade de viver é preciso amar.
E nem que o amar fosse tolo, fosse só sofrer,
era aquilo que me mantinha de pé.

Hoje o café quente na cabeceira tarda e esfria
e é o reflexo do tédio incurável da mente.
Que não disfarça o desejo que eu tenho 
de voltar a correr atrás de alguém.