Passando na linha vermelha
com a agonia da luz amarela
alertando sobre a falta de combustível...
O verde do mato molhado pela chuva de verão
me trouxe um pouco de medo... Por que não?
Senti na pele a falta de tudo que não tinha ali,
o medo da vida sofrida que havia dentro de todas aquelas janelas.
O desconsolo profundo e verdadeiro do mundo em preto e branco
daquele senhor que estava lendo, sentado num terraço entulhado
em companhia de um varal esticado e cheio de roupas...
Com mil carros passando por cima da sua cabeça,
por todos os dias, por todas as noites.
Nesse momento senti um inexplicável medo suburbano,
uma vergonha do orgulho tijucano.
Uma claustrofobia incurável
da tristeza de bater os olhos todos os dias nesses quadrados,
na vista suja por todas essas toneladas de concreto armado.
Senti um desgosto, um aperto no peito,
me bateu um preconceito, uma incapacidade de viver.
E em seguida com mais calma...
Eu só tinha uma vontade imensa de dormir,
fechar os olhos e acordar no rebouças,
de fugir daquela realidade e só acordar dando de cara com a Lagoa.
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