quinta-feira, 7 de novembro de 2013

O mal do século

Tá vendo aquele cara triste ali?
Ele pode não estar tão triste assim,
ele pode ser só alguém igual a mim,
que saiu pra conferir,
pra ver se o mundo ainda tava na mesma.

Tá vendo aquele outro?
Aquele ali tem cara de que vive um tempo ruim,
que talvez nem seja assim tão ruim,
mas pra ele parece,
tem jeito de fim de linha.

Mas sabe... não temo pela vida deles,
tenho mais medo de gente feliz.

Tá vendo aquela ali,
bebendo um dry martini,
jogando conversa fora,
com jeito de que nada pode ser melhor...

Ali que mora o perigo,
a tristeza às vezes está tão longe,
tão fora de questão,
que quando vem, quando aparece,
é ofensiva demais pra que alguém possa deter,
a vergonha de ser triste, por vezes,
é tão maior que qualquer detalhe lindo da vida...

Que não existe mundo zen,
não tem ioga,
nem guru que dê jeito.

Não tem aura que te deixe seguro,
nem estrada de tijolos dourados,
livros de auto ajuda,
místicos, magos, padres,
pastores vendendo serenidade,
lugares no céu, terrenos na lua...

Nada pode contra essa pregação da necessidade
de viver uma felicidade inabalável no mundo.

Essa é a maior doença do século,
uma condição genocida,
câncer indetectável,
asfixiante,
assassino de nações inteiras,
gerações inteiras...

Que vivem amortizadas pelo medo de ser humano.

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