Nunca faz muito tempo
sem que eu veja o sol nascer,
não reside em mim
essa desnecessidade...
Eu preciso mesmo é de sentir
isso e muito mais
bem de perto...
Às vezes eu me acho,
de súbito, me encontro
muito mais alma do que corpo,
vivendo na onda do brejo da cruz,
mas me alimentando de sombras
muito mais do que de luz.
Todo dia eu acordo pra não viver,
levanto no susto das palpitações,
dos sonhos mais estranhos,
onde ainda encontro
algo, alguém que me satisfaça...
Mas no mundo,
nesse que é real,
não há nada,
nada que me tire o ar
ou que deixe os olhos rasos d'água...
Nada nunca,
nada poderá...
Tirar de mim
todo sentimento que havia
quando me via
dentro dos seus olhos verde-azúis.
Todo sentimento pelo qual vivi,
todo sentimento que existiu
em qualquer dos momentos
em que dividimos sombra e luz,
canto de sol,
vento sul, vista pro mar...
Nada nunca,
nada poderá...
E todo dia eu acordo pra não viver
porque nunca faz muito tempo
que eu não tenha pensado em você.
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