Largado no mundo
eu só vivo nos meus espaços,
dos passos esparsos,
poemas esparsos eu tiro,
eu miro uma vida bonita,
futuro de gente querida,
chorando só de felicidade...
Eu viro meus olhos
caminhando pelo jardim,
rezando, tatuando partes da vida
nesse corpo roto
que cada vez mais
me deixa injuriado...
Eu sigo perdido,
sonhando acordado,
com jeito de quem teve na vida
alguma tristeza incurável...
Eu ando desnorteado
cultivando uma rouquidão domingueira,
guardando na alma
um pouquinho de compreensão
pra minha falta de amor costumeira...
Desacreditado de todo caminho
tomado dos pés a cabeça
por uns sentimentos mesquinhos,
ainda assim eu sigo,
largado no mundo, virado nos olhos,
perdido, sonhando acordado,
eu ando sim, continuo andando desnorteado...
A espera desse futuro ameaçador
que parece me vem a galope,
da felicidade indecente que eu busco,
essa felicidade de tratante,
de quem nunca moveu uma palha por nada...
Uma felicidade sem título,
inqualificável, desimportante,
a felicidade de quem ainda que só;
consegue ser feliz,
pra infelicidade dos que só querem ser e não são;
indignos, deste mal não sofrerão.
Eu sigo sim,
sigo sem lado nenhum,
sigo turrante, pisando forte,
porque as costas quentes
são tudo o que tenho...
E os olhos que brilham
são meus e mais nada...
E a alma,
a alma também
e mais nada...
Nada.
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