domingo, 2 de novembro de 2014

Defronte

Defronte as palmeiras
me embrenho no azul do céu,
me guardo do seu amor,
distraio meu coração...

Eu parto dessa pra uma melhor
enquanto posso,
enquanto ainda tenho o dom.

De corpo e alma
eu me viro entre todos os seus desvarios,
e com o pouco de calma que ainda tenho,
em nome do pai, eu sigo,
e não afundo os meus navios de paz.

Porque todo domingo
quando o quarto bate,
o que me resta...

São as lembranças dos seus desarmes,
são seus olhos, os seus passos,
suas palavras me transformando
em só mais um descarte.

Me sinto tão mortal
cultivando você comigo,
às vezes penso que sou só mais um
que caiu no seu papo
enquanto estava a perigo...

Me sinto tão mortal,
vulnerável,
eu me sinto vivo...

De corpo e alma
me esquivando dos seus golpes baixos,
dos seus motivos mesquinhos
pra me ter como mais um inimigo.

Por isso eu me esquivo, evito,
eu não confio nos seus olhos pretos pra não me arrasar,
não sentir vontade de sumir,
se por costume ou qualquer ataque de ciúmes
você me mandar partir.

Por isso é que é de fronte pras palmeiras
que eu me acho quando preciso,
me defino naquela paz,
no intenso infinito azul do céu,
na ausência indefinível do seu amor possessivo,
na calma absoluta em que eu interno
o meu coração enquanto longe de você...

Enquanto ainda posso,
só enquanto ainda sei viver sem te ver.

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