Nunca acreditei em muitas coisas,
tangíveis ou distantes,
verdades ou mentiras,
tudo sempre foi tão desimportante...
Eu sou feito de descaso,
eu sou ego, egoísta,
me viro tateando pela margem...
Habitando nesse mundo sem sal,
não há revolta,
não há milagre,
nada que me faça sair do escuro.
Pertenço aos meus despistes,
eu sou a própria raça triste,
não sei, nunca ouvi falar em felicidade,
só vivo de ausências,
do alívio do mundo...
E eu nem sinto muito,
não, não sinto,
eu não sinto nada...
Sou feito de nada,
do nada que me alimenta,
um jejum de fanático,
desamor sistemático,
suicídio de baiano,
delírio de morto de fome...
Coisa de quem só se sente gente, quando some,
quando desaparece no final da noite,
caminhando e rezando pela cidade vazia,
amparado pelo desamparo do céu estrelado,
do frio soturno desse canto do Rio
que é sempre mais esverdeado.
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