domingo, 7 de junho de 2015

Bem diante dos olhos

Talvez ela não fale comigo
por falta de coragem,
ela deve ter um bom motivo
e eu acredito piamente nisso.

Talvez ela não fale comigo
por medo ou por vaidade,
e quando digo que nem ligo,
eu minto, não falo uma só verdade.

Porque daqueles olhos negros
eu andei tirando a minha vida,
e agora eu sou esse desmanche,
essa desfaçatez,
esse estilhaço que ficou daquela partida.

Ando suando frio a noite,
tive sonhos esquisitos,
ausências me assombram,
e as sombras me preenchem...

Estou definitivamente em trevas totais,
entregue, vivo apenas por destino, pena universal,
uma mera casualidade diria um eu mais cético,
ando misantropo como nunca, tumular,
um vampiro pelas ruas...

Talvez sejam as ausências, as sombras,
ou mesmo um verdadeiro eu querendo se revelar,
hoje me nego os vícios que me punham de pé,
fecho os olhos pras minhas vistas,
pras nossas vistas, os horizontes,
pros novos dias, todo dia.

Talvez seja essa fé meio manca, estropiada,
essa absoluta certeza do divino,
e a negação, a covardia,
essa fraqueza mortal perante as provações,
a perda, o desaparecimento de outro amor bem diante dos olhos.

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