Assim como não tenho sono a noite,
ainda não tenho amor em mim
pra lhe entregar...
Me sinto tão doente,
dói tanto me sentir assim,
me encontrar assim tão incapaz.
Eu juro, eu tento,
às vezes até penso que amo muito,
mas a verdade é que não amo nada,
quase nada, vivo num escuro estelar.
Ah, você não compreenderia,
não você que vive desfilando
com esses olhos luzidos,
você que me afronta o tempo inteiro
com essa aura radiante,
esse viver e dançar imaculado,
essa beleza sobrenatural.
Não, você não entenderia,
não entenderia essa falta de tudo,
esse peito inabitável,
esse deserto cruel que queima e congela,
a garganta incontrolável quando o desgosto a fecha,
o ódio quando corre ardido pelas veias,
essa dor, essa pontada,
você não entenderia nada,
nada disso.
Às vezes só quero botar fogo em tudo,
só penso em dar o fora do mundo,
dar no pé, sumir do mapa,
desaparecer, me mandar em fuga alucinada,
suicídio, sumicídio...
Pra escapar dessa dor,
pra fugir desse todo sem cor,
do Rio de janeiro,
do eterno fevereiro,
dessa obrigação delirante de ser feliz...
Não sou,
não posso,
e você não entenderia.
Eu não te amo,
nunca te amei,
nem com sol,
nem com chuva,
mas até que tentei...
Só não posso, não sei,
mas eu juro,
eu juro que tentei.
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