Preciso antes de qualquer coisa, não estar aqui,
preciso poder partir,
preciso escrever um poema de mil e quinhentas linhas,
preciso amar melhor,
preciso fazer as minhas menininhas.
Ando pensando demais na vida,
e às vezes é como se faltasse tudo,
outras vezes, nada,
sinto que há preso no meu peito
uma espécie de kryptonita,
alguma coisa que me suga,
que me tira toda vontade de vida.
Mas eu preciso antes de qualquer coisa, viver,
preciso tomar pra mim alguma felicidade,
preciso esquecer Luisa, e amar de novo uma Maria Fernanda,
preciso sumir do mundo todo mês por pelo menos uma semana,
preciso ler de novo o livro cego de Paulo Mendes Campos
e me extasiar ouvindo um disco novo que traga velhos encantos.
Ando querendo tão pouco,
desperdiçando tanto tempo,
ou ganhando, não sei,
eu sofro só pelo que me lembro.
E ainda assim, preciso ser melhor pessoa,
preciso estar pros meus,
preciso vivê-los,
preciso fazê-los felizes,
preciso ser menos,
ser bom pai, bom provedor...
Mas antes de qualquer coisa,
é preciso não falhar terrivelmente no amor.
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