quinta-feira, 14 de abril de 2016

Como se não tivesse ido

Foi, como se não tivesse ido,
bateu a porta e não deu mais um pio,
não me ligou, não disse adeus,
não sei pra onde foi...

Saiu da minha vida como um vento forte
que passa ligeiro dentro de casa,
sumiu das minhas vistas como fosse chuva de verão,
levando tudo que eu tinha,
tudo que eu tinha dentro de mim,
levando tudo que eu tinha,
tudo que eu tinha e vivia dentro dela.

Foi, com seus cabelos soltos,
bateu o pé e não disse mais nada,
não me contou se tinha planos,
se tinha um outro amor,
se o coração estava enfim livre de mim.

Saiu da minha vida de repente, assim, num susto,
num surto de beleza rara,
seguiu caminho novo,
caminho lindo que agora é só dela,
deixou estrada torta,
caminho frio que agora é só meu...

Saiu assim, não disse uma palavra,
deixou pra mim o clichê,
tristeza e uma garrafa de cachaça,
um blues inacabado, olhos cheios de lágrimas,
deixou pra mim porta fechada,
histórias mal terminadas
e um disco arranhado pra eu espernear.

Foi, como se não tivesse ido,
deixou um cigarro aceso no cinzeiro,
no ar um desespero
e eu dormindo sem saber de nada.

Ela foi, e acho que já era a hora,
espero que ela não demore, mas eu vou ficar aqui,
fingir que não a vi sumir,
que não a vi sair,
que nunca percebi que era um adeus.

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