terça-feira, 26 de abril de 2016

Metades foscas

Respiro agora que o dia descansou,
depois de hoje ela tem vinte e dois,
e eu ainda lembro perfeitamente de quando ela disse
que eu só fingia, que não era feliz,
foi igualzinho, foi há um ano atrás,
quando ela disse que não me queria mais.

E às vezes morro de saudades,
fico remoendo o sentimento,
sinto uma tristeza, me dá uma vontade de sumir,
e eu acabo só rezando pra não esquecer
de como a vida era bonita e ensolarada,
de como tudo era tão novo
e tão feito pra se descobrir.

Hoje eu só passo em branco pela vida,
esmoreço por nada,
não deixo uma lágrima pra chorar mais tarde,
eu me entrego a toda saudade que sinto,
saudade que sinto de mim quando era dela,
saudade que tenho aqui dentro, daquele velho mundo,
saudade de desconhecer, desvendar a cidade,
de cantar o descarte
e recitar toda a nossa poesia...

Ah, respiro de novo agora que a noite caiu,
depois de hoje ela tem vinte e dois
e eu ainda não sei o que sinto de fato,
sei mesmo é que morro de saudades...

É pena, sinto falta, sinto vontades loucas,
mas não digo muito mais, não juro nunca mais,
e assim, sigo vivendo metades foscas,
não brilho, sou muito sozinho,
mas vivo, sem ela, sem eu,
vivo, ainda.

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