Não tem sido fácil escrever,
perambulo em tempo morno,
não destilo mais qualquer ódio,
não sofro como um dia sofri.
E faz tempo que percebo que preciso mesmo é de uma boa dor,
de uma boa dose de tristezas,
de lágrimas, de desamor e desespero,
eu preciso do mundo caindo,
dos olhos incrédulos, da solidão, do disparate.
Não sei lhe dar com a felicidade,
não me parece natural, não me parece legítimo,
sinto faltas intermináveis,
sinto que me repito cada vez mais,
sinto que preciso de novas dores.
Preciso de novos olhos chorando por mim,
de novas pequenas chutando o meu amor pro esquecimento,
de novas tristezas irremediáveis,
isso tudo é como um vício, e escrever é minha ruína,
é meu olimpo e minha terra dos mortos,
escrever é minha natureza, minha tara,
meu desejo mais puro, minha válvula de escape.
E eu preciso de tristezas,
ah como eu preciso,
a verdade é que não sei ser feliz,
eu nunca entenderia,
só a tristeza é plena,
só ela me alivia,
só ela me alimenta.
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