domingo, 26 de junho de 2016

Mau humorado

Que cansaço me dá dessa gente que ama,
dessa gente que ama demais,
dessa gente que se entrega
e se parte por outras almas.

Ah, que cansaço que me dá,
escuta bem, não é desaforo,
talvez seja inveja,
mas é que me cansa,
e às vezes me dá náuseas...

Ainda mais pela manhã,
ah, pela manhã esse amor cai bem,
cai como um piano de cauda, do sétimo andar,
e durante à tarde, serve muito bem no brunch,
acompanha um tiro na têmpora.

E à noite, ah,
à noite vem com muito mais charme,
durante a noite o amor é lindo envenenado,
espumando estricnina, 
vomitando toda efusividade dos dias,
depois de boas doses de gin.

Ah, esse descaso com a vida é só cansaço,
é tudo cansaço, só porque me agride essa gente de coração enorme,
essa gente que transborda,
esse tipo que sorri o tempo inteiro.

Por isso eu fiz esse relato mau humorado,
esse retalho de um mundo acinzentado,
para que não me estafem com esse instinto de amar,
para que não me neguem solidão enquanto eu puder me ausentar.

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