Mudou-se de mim, construiu novo abrigo
em novo coração, sumiu de mim,
partiu e fez-se nova mulher,
com o mesmo sorriso
e a mesma feição encantadora.
Deixou pelos espaços vazios da casa um sentimento absorto,
largou pelos cantos lembranças invisíveis,
gemidos, risadas, suspiros de amor,
viu-se curada de mim e me despedaçou,
pendeu pelo mundo sem dó do que esqueceu comigo.
Fugiu sem se dar conta do que fazia,
andou pra longe, zarpou com os olhos fundos,
fundos de fundo de mar, sem gosto de mar,
só escuro de mar, de mar muito fundo
e sem vida nenhuma.
Entorpeceu-me de falta,
negligenciou o meu amor,
retirou dos meus olhos o sorriso que me era tão necessário,
esqueceu-se do quanto vivemos,
escolheu novo mundo, quis perder-se com outro...
E eu fiquei por aqui,
pranteando essa ausência, cultivando tristezas,
regando o velho mundo com as minhas agonias,
sem querer qualquer outra,
só vivendo esse escuro e essa melancolia.
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