quinta-feira, 30 de junho de 2011

Ando pesado

Noite triste, madrugada fria
Quatro e vinte na janela
Sussurrando os pensamentos
E como sempre algo me lembra ela...

Minha alma hoje pesa muito mais do que eu posso levar
Já pensei em coisas tristes, em ser menos um aqui
Já chorei pelos deslizes, quis estar longe daqui

Mas nada dói tanto quanto lembrar daquela noite
E acho que se há algo que me mata pouco a pouco
É te encontrar por essas noites com aquele estorvo

Saber que deixei passar, saber que ele vai te fazer chorar
É pequena, isso me mata...
E de mãos atadas, sei que preciso parar de sofrer, deixar pra trás, esquecer...

Mas em mim não existe nada tão presente quanto o que fui ao seu lado
E pensa sozinha, faz uma força...
Tenta entender como é dificil saber disso, como é dificil pra um homem admitir isso.

Já são quatro e quarenta
E eu economizei algumas lágrimas

Ainda me restam alguns sussurros
E eu resolvi então, prometi que ia me esforçar
Plantei com força a vontade de nunca mais lembrar.

Mas quatro e quarenta e quatro, por força do hábito
Pensei em você, que fracasso, quase te liguei, de novo... Quase chorei!

A beleza do mal

A beleza do mal, é a gargalhada de um vilão.
É quem sabe o fim da estrada na hora do assalto,
é o moleque que dá tchau e um sorriso com a 9mm na mão.

A beleza do mal, é o simples, é o fatal.
A beleza do mal, é a sombra da maldade sempre silenciosa e cordial.

A beleza do mal, tá por baixo dos panos, tá no cotidiano.
É o sorriso discreto na hora da queda,
é o momento desesperador e ao mesmo tempo tão lindo que daria uma pintura.

A beleza do mal, tá no pedido de socorro
que não escolhe hora, vítima, nem lugar.

A beleza do mal, tá na vida e ta na morte,
a beleza do mal ta no jogo, no azar e na sorte.

Na virada de mesa,
no gol do adversário aos 47 do segundo tempo,
na tarde quente que não sopra o vento.

Tá nos detalhes, nos olhares que são como tiros,
olhares mais belos que os de bondade,
olhares puros, mas que trazem consigo a beleza da maldade.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Anjos de madeira

Seus anjos de madeira
vivem chorando as lágrimas das fases,
óleos, restos de pureza,
nas suas asas de folha e sangue,
de repente sem amor...

Nos olhos que brilham com o consumo,
desse novo velho mundo sem paz,
desse novo velho teatro de vampiros e direitos iguais.

Lá se vão cem anos ou mais,
só pra te satisfazer...

E os sorrisos irônicos dos seus reis,
que há tempos já são réus confessos,
nesse mundo sem leis...

Seus sistemas falhos de troca
e de adeus...

Seus errados passos vendados,
vendidos, sem Deus.

Uma chuva de rosas vem,
como as lágrimas em dias de inverno,
de repente, sem avisar...

Essas são as flores roubadas dos seus sonhos de paz,
de todos os seus sonhos de paz.

E agora seus anjos de madeira,
de asas em reverência, postas a provação,
sujeitos a toda essa crueldade sem consequência...
Um dia farão isso tudo mudar.

E o mundo, quem sabe vai nos fazer pagar,
nos fazer ver com os olhos tristes,
que nada de errado há com ele.

Que foram os homens
que maldaram seu próprio caminho de luz.

E então vão se tomar por culpados,
vão chorar tarde por escolher errado
e vão sofrer...

Vão sofrer por todos esses anjos em vão,
por todos esses anjos que até lá ainda se vão.

Imagem do dia!

Integração total!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Sítio além mar

Garota, menina e mulher,
seu sorriso é um mistério, não sei se me quer.

Mas ainda não vejo tua face tranquila ao meu lado
numa noite tão dia...
só vejo ali uma velha poltrona vazia
e a vontade me corroendo.

Não vejo uma tarde de amor,
na grama do meu velho sítio além mar...
a cama não parece te seduzir, mas eu te amo no chão,
e a madeira no teto esculpida me diz: seja feliz!

Eu vejo teu sorriso, tão convidativo,
e eu quero te amar!
Teu mistério, esse sol, esse dia eu não vejo acabar.
Não, não pode acabar!

Será que será minha? Toda minha!
Princesa do meu castelo, dona do meu coração vagabundo,
e do meu mundo, do meu mundo...

Garota, menina, e mulher da pele branca,
como as rosas, ou um véu, ou um véu...

Cachorros uivando noite a dentro
e eu nem me lembro...
quanto tempo fiquei sem você?

O vento na rede, a luz das estrelas,
e a saudade do que vou fazer amanhã.

Pura e simples, sem requintes já me satisfaz,
tão assim, tão sem mais o que dizer...

Eu prefiro esperar pra saber o que sinto e dizer,
e dizer...

Que meu medo é não poder mais te amar.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Deixa

Inverno inferno esse que é frio
e embala as batidas no meu peito
que hoje anda vazio
e só se faz vivo no tempo certo
quando é pra te incendiar sem perder a ternura

Mas agora eu deixo o que te leva, engulo a distância a seco
a ignorância queima e eu passo gelo...

Deixo que os estúpidos se engalfinhem
por que no final sei, serás minha.

E sei que hoje ainda te faço o olho brilhar
mas pequena por favor, não se deixe apagar
mas pequena por favor, lembra-se sempre que é preciso sonhar

Se está feliz em outros braços,
lamento e só vivo a falta dos seus abraços
das noites sem preocupação

Que das sete ás sete se faziam 36 horas por dia
só pra ouvir você falar
recitar seus problemas com melodia.

Negar cada passo que dei sem você
amar cada pedaço do que foi seu e meu

Hoje é a maior das cobranças
ser punido por lembranças por hora
no clipe sem nexo que faz tanto sentido agora

E as risadas da sacada, tuas mãos nas minha costas
nossas primeiras verdades de amor, sem clichê ou regras impostas...

Aquele sonho eterno e lindo de amor e amar
sonho aquele bem simples de onde iamos morar
dos invernos tão frios, pra a dois incendiar.

Mas hoje sem saída...

Eu deixo que testem seus olhos
pra ver até aonde vão suas novas verdades.

E sem esquecer, sem ter esse poder...

Deixo que as suas vontades
rejam meus sonhos pra sempre.

Imagem do dia!

                       Definitivamente é uma imagem que faz pensar...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O Adeus

Nesse teatro de fantoches tudo agora me incomoda
Nessas velhas repetidas cenas
Esses luxos, esses pobres ricos de agora contando e limpando o sangue

Tapetes, quadros, filhos
Sociedades, inverdades, suicídio

Sacadas se confundem com trampolins pro mar de gente
Passagem só de ida pro asfalto quente...

E ouço agora aqueles risos, aqueles de maldade
Pra guardar e depois lavar o sangue na calçada
Quem se matou, já estava morto, semimorto fugindo dessa caçada

E nesse momento, compro silêncio!
Pago caro pra levar, pra manter a pose e não matar ninguém.

Por que enquanto nego pensa em casa própria, vendendo a alma em vida sem saber
Perdendo aquele olhar, aquele olhinho que brilha sem querer

Eu vou viajando nas propagandas, e só vejo opacidade em alma,  gente pronta pra sumir
Vejo inocência e legitimidade na jaula, campos de concentração na sala de aula...

Mas agora os mares revoltos da minha mente, me levam pra outro lugar
Clamam, pedem por descanso
Pedem que eu encontre um canto, que emita algum canto que me acalme, enquanto parto dessa pra melhor.

E depois disso fatalmente não me sinto nada bem
Continuo meio vira lata, meio perdido, sem queijo nem faca...

Esperando que cortem as cordas desse maldito teatro de vampiros

Esperando que larguem minha alma e deixem que essas asas voem livres...

Sem mim, pois não sou anjo, tomei gosto por ser humano
Por ser errado e lindo e certo
Por ter verdades que só a mim fazem sentido

Entrando em transe sem poder, sem ter aonde segurar, correr
Sem pés, nem pás, nem PAZ... Sem buraco pra esconder.

Toda discórdia que agora escorre, a inveja, a escória, é morte
E vejo agora que o mundo é forte por segurar sozinho meus pensamentos
Por realizar sem pausas todos esses meus lamentos...

E então eu sigo, sigo, sigo...

Mas a rotina de um homem, pode ser sua carta de suicídio...
O tempo pune, não se engane.

Tic, tac, tic, tac... Tic, tac, tic, tac...

Esse é o som do filho pródigo que se vai pra não mais voltar
e do vale do silêncio que ecoa... Voa! Voa! Voa!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Perdidas

A noite clara agora cai sob o véu de verdades que habitam no escuro
e esse céu de estrelas, o chão de pedras portuguesas
as vestes cores de turquesa e a noite que não mete medo assim

Gritam, vai tua vida
esquece o chão que pisa e vive o céu que idealiza
cai feito estrela cadente, realiza desejos,
todos os teus medos tesos, indecentes.

Sentes o céu como o chão, vives o amor feito uma eterna rotina
que te reanima a cada dia a cada verso de agonia
a cada momento que só ressalta e salta os olhos

Lembra-te dos teus deslizes, sonhos trópicos
olhares místicos, gestos lógicos, toques pacíficos
nada púdicos, incendiários e solícitos
que te arrastam noite adentro pra junto a corpos quentes
que se entregam, se amam e se negam...

Se fazem justos ao que pregam
o desapego e amor que levam
pros cantos onde se rendem

Onde secretamente temem o tempo
e choram o desalento de amarem sempre sós.

domingo, 12 de junho de 2011

Falas falsas

Já faz tempo e nuvens passam
dias frios trazem lembranças
seus laços, seus traços, as andanças
vontade de viver tudo de novo
mesmo que de viver, pelo tempo eu ainda saiba pouco

Hoje qualquer lugar, qualquer cena à toa que te traga
sela o fim de um lindo dia e o início da agonia de lembrar
de viver a falta que é estar sem você

E mesmo que falsas as falas manjadas de amor
protagonizadas em qualquer dos palcos, sem data, sem hora
vivendo ao vento pra se desculpar, vivendo só do agora

E por mais quente que fosse o olhar
por mais lindo que fosse o lugar

Hoje, tudo gela sem ela

Mesmo no meio da noite, nos sonhos mais lindos que possam chegar
as vezes me forço a deixar de sonhar,
e procuro aquelas pernas, esqueço sua falta, me encolho
me acalmo, recolho meus cacos cansados pra voltar a sonhar...

A lembrar quando um só, eramos nós.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Outros carnavais

Eu só queria ter direito
de deixar você pra trás
de te esquecer igual a outros carnavais

Mas deixar lembranças soltas por ai
só pra poder sorrir de vez em quando

Eu só queria ter uma chance de esquecer
de quem sabe um dia poder voltar e escolher não viver
de morrer jovem pra não remoer pra sempre essa vontade de você...


domingo, 5 de junho de 2011

Seus poemas

Por mais lindo que fosse o dia
e os raios de sol que ele trazia,
os poemas permanentes em teu corpo
se faziam superiores sozinhos,
poentes que contraditoriamente ardiam.

Ardiam o querer,
o quero mais...

Ardiam a vontade de não esquecer,
de parar o tempo e não olhar pra trás.

Hoje sei do tempo que te conheço
mas antes disso não sei porque, dispenso!
Eu renuncio ao prazer de ser só meu,
e vivo dividido em estilhaços,
entre meus prazeres e o fim dos meus desejos.

Por isso sem pensar
eu peço a volta daquelas dores saturnais,
dos nobres vícios que me punham de pé...

Assim, só tenho a continuar por ti,
e acho que falo de conjunto, de de repente
alguém virar meu mundo, ser meu tudo.

Jeito de falar, brigar, chorar
de acordar com os olhos sujos de rímel
e me fazer adorar, sentir falta disso...

Dos olhos mel, sorriso céu,
covinhas essenciais
e curvas tão especiais...

Sinto que por mais lindo que fosse o futuro,
ele estaria sempre menos radiante sem você,
estaria sempre incompleto
como se ainda estivesse por fazer.

E não sei porque essa fissura por futuro,
você já me ensinou tantas vezes o agora,
esse lance clichê de ser eterno jovem e viver de fases,
querer fugir, correr, ir embora...

Esquecer de tudo.

sábado, 4 de junho de 2011

Cinzas

Pra que sofrer de novo
Se esse amor queimou até a ponta

E essas cinzas já não dão nenhuma onda
Tudo que era lindo, agora não conta, não soma, não da pra levar.

Então fecha a conta
e racha por favor...

Não sou mais um cavalheiro
Não te quero por aqui

Não sou mais um cavalheiro
Não te quero mais aqui.

E não adianta contar vantagens
narrar aventuras selvagens, andanças impuras
em noites escuras sem lua no céu... Sem medo!

E não adianta, me dizer com quem anda pra me comover
reacender ciúmes que eu não sinto mais
se vire com teus sádicos e faça amor de salto
faça como quiser, faça sempre o que quiser... Sem medo!