quarta-feira, 23 de maio de 2012

Arpo a dor

Arpo a dor nas pedras
prendo-as no escuro dessa imensidão azul
no bate e volta das ondas no Rio...

Prendo-as bem ao lado do diabo
em um daqueles dias com vento e mar bem alto
a vista da realeza e bem longe dos meus irmãos
da santidade dos canais sujos de alá.

Prendo-as sob a guarda de iemanjá
e de todas as crenças e superstições que esse mar possa contar.

Arpo a dor bem perto, onde eu possa ver...
Arpo-as onde eu possa visitar
e onde posso esquecer também.

Arpo a dor num canto que era só paz...
Pra que haja algo mais que só contemplação.

Arpo-as ali
sangrando na pedra
do Arpoador.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Rio de sombras

Desde sempre eu me encontro nas sombras
admirando as luzes vãs da madrugada
do Rio imerso na bruma
que se esvai na eterna orla iluminada

Desde sempre me achando e me perdendo
procurando sempre mais da mesma
até descobrir que a mesma
talvez não fosse mais tão certa pra se procurar...

Eu ainda quero outras noites de glória
mereço mais sangue batizado pelas veias da minha história.
Tenho saudade de tudo sempre largado, e das garotas atiradas
de gente estranha pelas ruas sujas, cantando as suas cartadas.

Desde sempre eu me encontro nas sombras
nesse punhado de pequenas tragédias
nos erros de Deus que tem o aval
a omissão divina nessas terras onde nada me faz mal.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Meio cafa

Passos, sorrisos, os seus medos de gente
o medo bobo de acabar só
e no futuro não ter mais "a gente"

Tudo como ela quer, pode ser que sim...
mas ainda faço tudo errado,
só pra ouvir ela dizer que não é assim.

Feito cão sem dono, eu vou treinando os meus olhos de esmola
bicho, é disso que eu falo e já não vem de agora...
tem tempo to querendo me acertar,
eu to querendo ser do jeito que ela me aceitar.

Devo reconhecer, que sim, existe paz!!
E plenitude de verdade é levantar ao lado dela,
é escrever um belo poema em homenagem a todas manhãs...

Mesmo a manhã não me tendo muito bem
agora eu me entendo bem com ela...
Que insiste e entalha amor nesse peito canalha
e que muda esse jeito meio cafa pra ainda em tempo me salvar sem dor.

Por isso eu devo então dedicar e amar com vontade até o fim,
como já disse um dia, há algum tempo atrás, aquele anjo safado o chato do querubim...

Que entoava o hino da saudade, num prelúdio ao futuro
e afastava do meu caminho toda dificuldade e perjuro.

Porque eu nunca soube muito
mas sempre vi os ares puros...

Desejei o bem pra todos; ou quase todos, pra ser digno
e também nunca escondi o mundo fácil
sempre quis assim; dizem ser do signo...

E se assim passa, e o tempo traz...

Eu vejo a felicidade no início, meio e fim...
vejo moleques, bichos, mar, e uma princesa
vida boa, vida fácil, e poucos lugares vazios á mesa.

terça-feira, 15 de maio de 2012

E é só

Tem sido difícil entender como é que aconteceu...
Mas é que de repente,
eu não me vejo mais por ai sem você.

Não me vejo sem família e filhos,
nem caminhando longe dos seus olhos de primeira dama dos vícios.

Você montou acampamento nos meus refrões,
quis tanto de mim, que me fez um bem que eu nem sei cantar.
Mudou tanta coisa assim, de mansinho, que é difícil de acreditar.

É, eu hoje mato e morro sem piscar por esses olhos
olhos que habitam minhas mais obscuras manias
que fazem eu me perder nos dias de sol ou de nuvem
nos dias de chuva, de ódio, de livre amor pelos teus passos
amor pelos teus erros, teus lances mais tórridos.

Livre vontade de caminhar na tua sombra
e não te largar um minuto.

De pisar nas tuas pegadas
pra sentir o vento passar trazendo o seu perfume
só pra saber que tenho pra mim aquele sorriso
saber pra poder sorrir também, soltar o ar, esquecer qualquer agonia
saber que você existe, é linda, é minha...

E só.

sábado, 12 de maio de 2012

Pequena

Garota, de novo seu corpo me fez delirar
tão linda, tão jovem rainha do meu novo amar.
Dominante inconsequente, dessa arte de me destroçar
destrinchar meus medos, jogar duro com os olhos
só pra eu perceber, que já era hora de querer bem mais...

Pequena, pequena...

Me laça no teu murmurar,
no vicioso piscar de olhos,
no sorriso de cinema, pequena, pequena...

Garota, de novo o seu corpo me fez desejar,
querer demais,  me fez chegar mais perto,
do amante perdido que jamais achei de novo em mim,
do quase homem feliz de sorriso louco que eu fui.

Pequena, pequena...

Me ensina a ser de novo alguém mais bonito,
me faça rico, rico de sorrisos
e me use pra sempre no primeiro plano dos teus olhares,
nos sonhos mais tórridos que sonhares...

Me ame sem censuras,
rabisque os maus dizeres
e os mantras que quiseres entoar.

Não se faça forte,
no meu peito sempre haverá lugar
pro teu rosto e todo mar que há.

Me ame como nunca
passe a limpo esse rascunho,
de punho livre rabisque o seu testemunho
e esqueça o que quiseres esquecer...

Só não me deixe, não me deixe pra trás,
não vire a página em que o meu corpo está.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Ainda brilha

Sem mim ela ainda brilha
ainda ri das juras de amor
e vive, vive linda
se derrete por trilhas e balas de cor...

Sem mim ela ainda é toda feita pra amar
e joga segredos por todos os lados...
Por mais perdida que esteja
eu nunca a vi sair dos saltos.

E agora ela faz cinema
parece que é pra provocar...
Como se já não bastassem "As Atrizes" pra me fazer lembrar.

Ela ainda sorri com os olhos
e diz coisas com sorrisos
ainda anda na ponta dos pés...

Ela ainda tem suas marcas divinas,
e aquele bocado de lindas manias.
Tem o poder de me manter sem vaidade
de deixar rastros e saudade,
de andar leve rindo de mim sem piedade...

Mas eu ainda mato os teus todos
ou me corto de ciúmes se faltar coragem
se faltarem aqueles olhos de aprovação.

Faço uma cena pros teus sorrisos à toa
e mando rezar uma missa pra tua solidão
eu faço de um tudo, eu mudo a vida
pra te ver feliz no meu refrão...

Sem mim ela ainda brilha
mas poderia ser melhor comigo ou sem ninguém
e que não digam que é mentira
por que eu não ando nada bem.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Imagem do dia!


Canalhocracia

Somos banais, inúteis
não falamos sua língua.

Aborigenes do lixo, sociopatas
mesozóicos, de caráter imundo...

Somos vazios e surdos
não vemos muito, não queremos muito.

Somos a nata deste país
nosso maior desejo é vê-lo de longe
é fingir zelo de longe...

Com nosso jeito da corte
Só não se sabe ainda se bobo ou rei...

Somos assim, avulsos, corruptos
não fazemos, não faremos, e daí?
Canalhocratas com as nossas gravatas made in Italy.

Somos banais, inúteis
não falamos sua língua.

Aborigenes do lixo, sociopatas
mesozóicos, de caráter imundo...

Somos vazios e surdos
não vemos muito, não queremos muito.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Desisto

É triste o peso da banalidade,
desse povo estúpido, burro!
Clamando por liberdade
sem vontade de exercê-la de maneira inteligente
toda essa merda me revolta, me sequela, incendeia a mente...

Sinto pena dos caras pintadas
nossos pais, tios e avós
que lutaram por essa merda de geração
que só sabe repetir bordões.

Ouço gente por todos os lados
dizendo como seria melhor...
Mas não vejo ninguém do meu lado
se mexendo por um mundo melhor!

E a carapuça que me adorna, é linda, longa e traz um véu
de mentiras repetidas, ressentidas, doce mel.
Escorrendo a hipocrisia da boca dos teus reis
que há tempos já são réus nesse inferno sem leis.

Por isso eu visto o traje e lavo alma
nada, nada nessa porra aqui me tira mais a calma.
Todo dia o sol me chama, todo dia o sol me guia
nas areias to completo, vejo peitos, bundas lindas...

E quem liga se o Sarney comprou uma frota de Audi A3?
Se não sujarem minha praia eu to feliz, já sou freguês.
Não me tirem a marofa, o pó... Peguem o arrego do tráfico!
Pra que se dar ao trabalho? Não aumentem meu cigarro!

Eu quero vícios, quero as putas, pra viver anestesiado!
Achando assim, que algum dia essa porra vai mudar...
E contando com a sorte de um tiro na têmpora, se um dia eu acordar,
pra ver num estalo e entrar em pânico, vendo que a tal revolução nunca vai chegar...

Que voz e violão já não amplificam, só mistificam o sentimento
já não chegam aonde precisa só mascaram o sofrimento...
De que não há mágica nas mãos que transforme o lixo em terra prometida.
Mas ainda da pra cair dentro e matar esses filhos da puta que vivem pra sugar um pouco de cada vida.

São cento e setenta milhões
sentando sincronizados
com a mesma sentença...

De sustentar politicos safados
e suas famílias em suas férias na França.

Que com a cara mais lavada, dizem "candidatem-se pra mudar!"
Mas se um dia eu entrar nessa merda vai ser com uma bomba no peito pra detonar
o amor que eu sinto e é louco por essa pátria mãe gentil
por cada centímetro lindo do meu céu azul de aníl...

Das garotas já cantadas, desse tudo que se vê
do mundo fútil, breve, burro, das novelas da tv
onde a pátria não existe e os limites são assim
mortos mais do que a crença de que mudem meu país.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Compreensão angelical

Ela sorriu e me disse com a voz terna...
Disse que me entendia,
e que só queria um pouco de mim.

Nada demais, eu fiquei até feliz
eu vi que o que ela diz vem dos olhos,
vem dos sonhos mais lindos,
da pureza dos pensamentos sem malícia,
vem da delícia de não ser só minha...

Ela sorriu e me disse com uma compreensão quase angelical...
Que tudo isso era besteira,
que nada mudaria pra ela.
E com os olhos de gata e fuga,
de repente, ela só tinha mar ali,
e foi aí que eu vi...

Que ela devia ser minha, ser só minha.
Se mudar com essa pureza pro meu lado,
me deixar entrar de malas feitas naqueles sonhos.
Com toda delícia de ser só dela,
com toda delícia de sermos pra nós e mais ninguém.

O mundo é feito dela
feito pra fazê-la sorrir

O mundo é feito de nós
e eu sou feito pra vê-la feliz...