terça-feira, 27 de novembro de 2012

Lua dela

Me enterro na tua lua
no barulho que a cidade não faz mais...
Eu vago pelas calçadas
observando atentamente a madrugada.

Com a camisa jogada nos ombros
e o peito roto de sempre em escombros,
detonado pelo seu medo de amar.

Recolhendo os meus pedaços
nas paisagens e na cor,
na chuva que molha o asfalto
no rio de delírios
daquele disco encontrado no baixo...

Lua, que ilumina as palmeiras na volta pelo jardim,
que clareia esse meu caminho longo e sozinho...

Lua, lua dela que me faz lembrar
de novo de tantos momentos...

E sonhar com seus olhos claros
e o jeitinho junkie rock'n'roll...

Sonhar com o frio do Rio,
no seu tempo todo poesia...

Sonhar com cama noite e dia
e muito mais amor.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Te ter

Sem te ter é como se não existisse nada além
e o vento na janela hoje só diz
que nada tem pra mim lá fora.

O mundo agora é tão cinza
e triste é todo fim de filme
em que eu preciso voltar a viver...

Triste mesmo é todo dia acordar
pensando te esquecer.

Levantar e firmar os pés nessa terra estranha,
onde a sua voz não está por perto,
e o seu amor distante torna a vida tão tacanha.

Sem te ter não faz sentido,
nem sei por que ainda me dão ouvidos.

Eu me sinto tão invisível,
é como se eu não existisse assim,
vivendo sem você toda pra mim.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

É pra durar

Quando não há quem me lembre
alguém que diga "a vida é doce".

Eu fico assim, contando segundos,
vagando domado entre os minutos,
de hora em hora pensando em me cortar...

Que é pra ver se você nota
o vermelho do meu sangue na parede
e mata essa minha sede de atenção...

Só pra ver se existem mesmo
as sete vidas que você cantou,
ver se ainda habita nos cantos
um pouco de todo aquele amor que você levou.

É inacreditável como a distância me envenena,
e me da nas pernas um cansaço
ao ver-te por engano em cenas de cinema.

Mas eu sigo batendo o pé sem nem sentir,
dando voltas em Ipanema sem sair do lugar,
olhando pra sua varanda,
rezando pra o acaso conspirar...

Que é pra ver se você nota
um perdido pelas ruas altas horas.

Que é pra ver se você entende
que se gente é pra brilhar
a gente é pra durar e ser feliz.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Eterno outubro

É outubro o primeiro dia de novembro,
seus versos berram no barulho que faz o vento
e a noite nem se vai com o sol...

Nada me incomoda, eu até tenho o que fazer,
mas vou dormir, nada me tira daqui.

A não ser que o telefone toque
e seu nome apareça no celular.

A não ser que você bata na porta
e com a sua voz terna peça para entrar.

É outubro esse primeiro dia de novembro,
e essa é mais uma noite que eu viro por que só penso em você,
é mais um dia pra conta dos dias que eu não consigo te esquecer.

Mas nada me incomoda, eu tenho o que fazer,
preciso reler sua mania de aquarela
e rir desse seu jeito tão naïve de dizer que a vida é bela,
de sorrir de longe como quem ama a capella...

Ainda é outubro por que eu não dormi.

Ainda não vivo por que não te vi.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Hippie chic

Sei que não é de minha alçada
mas não aceito ser largado aqui assim por nada.
Nesse tempo sem som e com cor demais
mas sem a areia branca e a paz que nos valia,
sem o piano e a rima boba só pra por o amor em dia.

Sinto tão perto o taco arranhado
e o barulho que o salto fazia...
Sinto que a pinta do teu lado esquerdo da boca
e a voz rouca nunca estiveram longe de verdade.

Mas há de se entender, já disse uma vez,
é preciso reportar toda essa felicidade...

Detalhar os nossos dias, repartir toda dor
e dizer que é assim que a vida faz todo sentido.

Que a casa com o seu cheiro e o toque hippie chic
é o que mantém vivo o meu coração ferido
é o que esfria e acalma esse meu sangue latino...

E me entrega algum norte na bandeja,
pra que eu viva os dias quentes e frios
desses tempos de necessária solidão,
em que o mar e o amar estão distantes demais
e que o mundo todo é pouco pra nós dois.

Dias como esse em que esbarro num santo delírio
e penso alto, digo que te coloco um filho no ventre.

Te falo de amor, sonego qualquer dor,
desejo longe tudo que mal faz e todo o mal que fiz.

Só pra esquecer, clarear as idéias,
escrever tudo diferente,
viver só do que faz bem daqui pra frente.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Não presto

É certo que eu não presto
e disso eu já não corro.

Não mato, nem morro,
só não presto.

E de resto...

Sou fogo de palha,
sou mais do que dizem
e menos do que deveria.

Sou meio cachorro, meio criança
meio sem rumo, vivendo de andança.

Não gosto, nem olho,
se amo, me jogo.

Sou sete, setenta,
amando e fugindo de tudo.

Meio tarado, meio largado,
vivendo só do que tenho pra dizer.

E de resto...

Não tenho do que reclamar, a vida é tão bacana,
e o mundo sempre tão lindo aqui do alto da minha cama.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Imagem do dia!


Ninguém entende

Outro dia me disseram
que eu não amava ninguém
e eu tive que rir, neguei, meio sem graça...

Mas comigo pensei...

Não amo mesmo, eu acho.

Por que eu olho em volta
e por mais difícil que seja entender essa quimera...
Eu só vejo morte lenta, tempo correndo,
gente que morre e anda, gente que anda e morre.

Por que ultimamente nada tem tido muita graça.
Eu vejo filmes antigos e acho uma farsa,
atores, atrizes, figurantes, passantes,
todos estão... Mortos!

E eu... tenho vivido em conflito,
principalmente com o dia... mas não um dia qualquer.

São todos eles!
Os de sol e os de chuva,
de calor e frio.

É, eu não amo ninguém mesmo... Eu acho.

E o porque? Não sei.

Mas ando preferindo um tiro na têmpora do que um pôr do sol no arpoador.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Satisfação

Sinto que lhe devo uma satisfação
e não é difícil...

É que eu não sinto mais nada por você
e acho que não sei dizer outra coisa que seja verdade, além de adeus.

E olha que nem faz tanto tempo assim,
eu não enxergava um palmo além de nós.

O mundo pararia e eu só notaria se ficasse sem você,
se algo me impedisse de te ver.

Quantas vezes te queria de longe
e tinha vontade só de admirar...

Acordava e te olhava dormindo,
eu quase tinha medo de estar morto,
de estar perdido no paraíso, no céu em algum lugar.

Mas hoje de repente eu me peguei pensando em andar sozinho.

Eu estava longe
com um olhar mais claro e leve,
feliz, sem notar o quanto a vida é breve...

Chutando folhas, falando coisas sem procurar um sentido,
largado e longe do mar, de baixo de um céu cinza,
num lugar mais real, com uma vida mais terna
e bem longe de todas as nossas mentiras.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Pobre menina rica

Pobre de mim que sou eu e mais nada,
pobre de quem nunca fui...

Pobre de nós que nem acontecemos,
pobres seremos sem amor.

Vivendo essa falta de glória,
morrendo por nada,
sorrindo e ganhando centavos por hora.

Num tempo preto e branco
em plena era digital,
tocando os anos oitenta
no seu novo som surround.

Pobres são os sentimentos
nesse vazio século vinte e um.

Pobres aqueles que aceitam,
os que vivem pra ser mais um...

Pobre, é toda essa falta de vida.
Pobre mesmo às vezes é a menina rica.