Nem bem, nem mal
não falem de mim.
Não me vivam,
me deixem.
Não me revivam,
nem me lembrem...
Que eu não vivo,
eu só finjo,
e não me aflijo
com qualquer sentença.
Eu sou a beça,
sou o muito.
O veneno da erva,
santo cristo,
eu sou maluco.
Sou narciso, largado no mundo,
sou a luz dos olhos teus,
o coração vagabundo.
Sou wave, soul brasil,
com "s" de sex appeal.
Sou planet copacabana,
eu sou bacana aqui da terra de santa cruz.
Sou verso puro,
ato sujo, mente sã,
corpo doente, corpo clemente,
da vista doída
aparada nas lentes rayban.
Sou eu, sou meu,
só meu.
Sou nada, sou poeira das estrelas,
sou o lixo da galáxia.
Enterrado no autoflagelo
de uma derretida solidão.
Num deleite também meu, só meu,
num banquete egoísta de palavras
trançadas sem grande exatidão.
Sou eu, sou meu,
o vivo de ontem, morto de amanhã.
Que dorme no céu rajado
e acorda no escuro da noite,
pelo amor dos seus, dos meus e de toda paixão,
pelo saturnal terror de que isso tudo não passe de um ensaio
pro o acorde maior.
O momento em que todos os ruídos
se juntarão ao silêncio
e irão detonar a espiritual inércia dessa falha forma.
Vão urrar o terror,
o prelúdio ao mistério terrível,
o único infalível destino, que é partir.
Nem bem, nem mal,
não falem de mim.
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