Pressupondo uma quarta feira de cartilha
não posso jogar meu papo
de que o mundo é mesmo uma maravilha...
Já que nem por aqui na zona azul,
do lado certo, na vida certa,
as coisas andam muito bem...
Chove, faz frio,
o vento é norte,
o mar batido.
Trovoa, eu não vôo,
você voa e eu mal rimo.
Sou mesmo um acidente,
uma alma até certo ponto firme,
mas numa existência esfarrapada,
meio nas coxas...
Espero o dia em que ainda vão me arrumar uma personalidade patológica grave,
talvez me eternizem no nome de alguma enfermidade,
algo que até então nem me parece ruim de todo...
Seria interessante pra me resgatar
desse estado que não é mais de graça
e que nem tem tanta graça assim...
Deve haver algo latente,
algo da mente que quando acorda
cisma de destruir essas pequenas felicidades de vez em quando...
mas é só de vez em quando.
Principalmente nesses meios do nada assim,
nas quarta feiras frias do meio do ano,
do meio do mês, no terço mais estranho da vida...
Seletos dias da existência
em que a linda manhã agoniza,
a tarde de sol inferniza,
e a noite estrelada
assassina qualquer rastro do que um dia foi amor...
E com a ajuda da tortura impiedosa das horas,
dos infinitos segundos que são só tédio e silêncio,
gritando, discutindo entre os meus ouvidos,
dizendo coisas que eu não posso falar
e que talvez eu nem pudesse ouvir...
Semeia males inéditos
com hemoterapias românticas,
injetando misantropia via intravenosa,
diretamente na corrente mortífera,
tendo por objetivo atingir a infrutífera parte do sistema límbico.
Sensus in absentia!
Parece feitiço, mas não é bem isso...
É o que eu sinto,
ou melhor...
O que eu não sinto mais.
E que pensando bem
nem sinto muito.
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