Hoje eu acordei sozinho
sem querer ver gente,
rolando de um lado pro outro,
tentando lembrar porque que a gente
não ficou junto no fim da noite...
Ah, mas me falta coragem pra levantar,
pra ligar, pra saber como foi, como está.
E o sol, o sol ta queimando o mundo
a duas quadras daqui,
e o meu senso crítico mesmo que sujo
diz que eu não devo sair por aí...
Pelo menos não agora,
não a essa hora...
É cedo,
são quase duas depois das doze badaladas
da senhora da paz.
É cedo demais pra começar a odiar o mundo,
mas falta pouco, muito pouco...
Logo logo, meu eu aristocrata dá as caras
pra reclamar das mazelas
dos metros quadrados mais caros do Rio.
Logo eu me enfio numa onda errada qualquer
e saio por aí falando barbaridades,
sem cobrar, sem que ninguém venha perguntar.
Eu vivo ao contrário,
eu não tenho horário, nem honorário,
eu arrasto chinelo e o meu ego,
sem compromisso...
Eu me acabo sozinho
antes de você começar
a entender qualquer coisa.
Pra quê correr,
pra quê criar todo esse clima,
o fim da estrada
não é o fim da vida,
tudo ainda tem muita linha pra dar...
A história só se repete
e é até triste que se repita.
Mas pra que se importar demais,
apenas viva, deslize por aí,
ande pisando leve...
Clareie os ambientes,
não chova, não nuble,
leve o sol no peito,
dê jeito nesse lixo que te entregam
e entregue vida,
se entregue a vida.
É, acho que tá bom,
nem eu me aguento mais,
mas pelo menos já tenho coragem pra levantar,
tem papo furado que dá resultado...
Ah e penso que agora sei porque a gente
não ficou junto no fim da noite,
só que eu preciso acordar primeiro,
me serve um café, tô de bode,
preciso de mel e bicarbonato de sódio.
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