domingo, 22 de dezembro de 2013

Lembrete

Quando achar alguma coisa
que faça seus olhos brilharem,
agarre, não solte, não deixe que passe...

Nesse tempo em que vivemos
muitas coisas nos escapam,
tudo é tão rápido,
tudo fica preso no passado.

É difícil não ter o controle
das coisas que amamos,
e as pessoas cada vez mais
ignoram os chamados do coração...

Condenando o próprio futuro
a vivenciar ausência,
sentir a vergonha da hesitação.

É verdade que no caminho muitas pedras nos assustam,
e pelo fim, pelo sim pelo não...
pensamos que os meios talvez se justifiquem.

Que os grandes amores,
matem as flores...
e que as dores
semeiem o que vai se tornar felicidade.

Mas e saudade?

Saudade não tem jeito,
saudade é dor,
dor que ata e desata,
que morde e assopra,
que dá e não passa...

Saudade é dor de verdade,
sem semente,
sem raiz,
sem solo que sustente essa realidade.

Saudade é perfume de loira gelada,
é brilhos nos olhos,
lembrança das madrugadas.

Saudade é ser magro e pesar toneladas,
é salgar os olhos aparentemente sem motivo,
abater-se, é salvar-se a poucos passos do tiro,
do salto do alto da sua falta de equilíbrio,
um último ato.

Saudade é amor que não se alcança,
é vontade de voltar a ser criança,
é querer ser dono do tempo
pra poder chorar de novo
como um tolo pelo primeiro amor.

É amar,
saudade é sentir,
é sentir-se frágil,
humano, triste, vulnerável,
mortal.

Saudade é amor,
amor quando acaba,
amor quando é amor mal,
amor que mata.

Saudade é falta,
é amor que não se tem,
amor que só dói,
amor que rói a alma e os sentidos.

Saudade é tanta coisa
que nem sei como evitar.

E esse é só um lembrete,
um jeito de me safar,
um tipo de auto-consolo,
um manual de auto-controle...

Algo que escrevi pra ter comigo,
pra me preparar...

Pra manter os anjos por perto
quando minha hora chegar.

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