sábado, 4 de janeiro de 2014

Arpoador

O mar, carente,
vive tentando tocar os pés da gente,
pra ter de volta, pedir respeito...
e sem saber se é por acaso ou por saudade,
a gente finge que nem sentiu.

E aqui de cima as nuvens,
a espuma e o sal,
são melhores que qualquer morfina,
qualquer coisa que supostamente alivia...

Daqui eu não vejo só o mundo,
eu vejo o meu mundo,
ponta a ponta,
posto a posto,
pedra a pedra,
rosto a rosto...

Daqui o sol nasce,
e daqui também se põe,
é daqui que toda gente parte
e também se recompõe.

O indo e vindo desse todo,
é a origem disso tudo...

A vida vai e vem,
e as areias antes da ressaca,
são o nosso único bem
e o mar antes de mais nada, também.

É daqui desse canto,
é sozinho, é em bando,
é de dia, é de noite,
odiando ou amando,
aplaudindo, vaiando,
virando, pulando sete ondas,
jurando sete juras,
vivendo os sete contos...

Perdendo a vergonha
na esquina dos mares do Rio,
flertando com a realeza,
esquecendo o frio...

Tão perto de nada,
tão longe de tudo,
é lua deserta,
é claro e escuro...

Refúgio, refugo do fundo,
cúmplice de toda juventude,
abrigo da solitude,
da plenitude que traz aos olhos
de quem te conhece como Arpoador.

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