Gosto de pensar que sou a salvação do mundo
mas não me salvo nem dos seus olhos,
eu não consigo, não me esquivo
nem dos meus grossos modos.
Já não disfarço,
sei que o decoro moral da nossa parte foi quebrado,
a decência do nosso paraíso,
a retidão dos nossos passos...
Não há mais métrica nas nossas estacas,
não há nada que se salve,
nada que se eleja e seja puro de verdade
dentro do que fomos ou do que escolhemos ser...
Não existe nada, nada...
e também de nada importam
as nossas partes separadas.
Não somos nada
sem nós.
Aqui falo por mim
e por ninguém mais,
falo por já ter notado esse fardo,
sem nós não tem eu,
sem nós somos nada.
E não, não disfarço mesmo,
ainda me porto como devo,
como se devesse alguma coisa a você,
eu me importo demais...
Não há segredo, sou um sincero andante,
desportista do pesar,
soldado leal,
resignado a voz
das minhas verdades preferidas...
das suas verdades proferidas.
Eu não sou nada,
sozinho não sou nem eu.
Mas talvez isso não seja grave,
não é verdade?
Jogue com a sorte,
suma, deixe que agrave...
Se manda!
Eu nunca gostei
tanto assim de mim mesmo.
Me deixa morrer
e vê se leva tudo daqui
que é pra quando outro eu renascer
não lembrar nem por acidente
que um dia amou alguém feito você.
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