sábado, 11 de janeiro de 2014

Um vício

Não sei como consigo,
como passo tanto tempo sem te ver,
se eu só falo
e só penso em você...

Sinto falta de tantas coisas,
tantas daquelas bobagens que a gente viveu
que virei um estranho no ninho.

No meu próprio ninho
e em qualquer outro lugar.

Você é como um vício,
um artifício, um presente da vida,
e sem dúvida foi feita
pra que eu pudesse transcender
a minha tristeza terrena de vez em quando,
pra que eu não fosse esse ser triste
todo o tempo, o tempo todo...
pra que eu não insistisse em autoflagelo constante,
pra que eu não existisse em completo abatimento,
não vivesse por aí só de penúria e melancolia.

Às vezes me pergunto pra onde foram as nossas vontades,
aquelas mesmas que me salvaram,
me pergunto pra onde fugiu o nosso futuro,
os nossos planos,
as nossas verdades absolutas?

Outro dia eu quase morri de dor,
e acho que você já deve ter visto
e talvez até sofrido também...

Derrubaram os nossos prédios
e ouvi dizer que vão levantar um condomínio no lugar,
daqueles sem amor,
with no charm, no charm.

E aí me passa na cabeça a idéia maluca
de que tudo é culpa minha;
ou quando me convém... culpa sua.

A idéia é como se tudo pudesse ser evitado
se ainda estivéssemos juntos,
se ainda fôssemos qualquer coisa um do outro...

Aliás, essa coisa de "qualquer coisa"
tem sido algo recorrente também,
como se realmente eu fosse me contentar com qualquer coisa.

E eu até tenho amadurecido um pouco isso,
virou algo como um projeto a médio ou longo prazo...
porque pelo menos agora,
eu ainda acho que prefiro um tiro do que um abraço teu.

Se for um abraço assim "qualquer coisa",
sem "qualquer coisa" de especial.

É, dizem que vícios fazem mal...

Mas antes você que qualquer outra coisa.

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