quinta-feira, 10 de abril de 2014

Súplica

Eu trocaria
qualquer momento pra te ver de novo,
eu pensaria
mais de mil vezes antes te dar um adeus
se eu soubesse
que você ia sumir no mundo,
que você ia me trocar por esse escuro todo...

O sol se pôs,
você se foi,
e já fazem tantos verões,
tantos dias já nasceram depois...

Mas você levou bem mais do que um pedaço meu,
você largou o peso do seu mundo em mim,
você roubou meu brilho
e me deixou com essa dor,
ainda pediu pra eu escrever,
pediu pra eu agradecer,
dizer qualquer coisa como:

"Obrigado, por ter se mandado!
Ter me condenado a tanta liberdade."

Mas não tem verdade nisso,
não tem não, só sinto saudade,
só me acorrento em versos
e sei que meu talento hoje não é nada
perto do que poderia ser com você aqui.

Eu sinto falta dos seus ataques,
tanta falta das suas manias mais bobas,
dos seus disfarces e segredos,
eu sinto falta de como você citava Kerouac
mesmo fora de contexto...

E eu me seguro pra não chorar
quando sinto o mundo por um fio,
quando desejo um cano, um gatilho
pra pôr na boca e só ter você nesse planeta
pra me acudir, desengasgar...

Como uma última esperança,
alguém pra me resgatar de mim mesmo,
do pântano dos meus sofrimentos,
do luto sombrio que me trazem todos os sentimentos que você largou aqui,
esses que estão plantados há tempos em mim
e tanto me falam do seu desprendimento,
do esquecimento que me queima, queima,
mancha, me enche de cicatrizes o peito,
tantos talhos rasos que não cabem mais em mim,
frente e verso,
sigo desacreditado, disperso, esculpido pela sua falta,
marcado pelo horror de viver sem saber
se você sabe de mim, se quer saber,
se quer me ver...

Obrigado, mas eu passo!

Eu preciso mesmo é de alguém pra vir me hipnotizar,
lobotomizar, arrancar você daqui,
me fazer acreditar em qualquer coisa,
amar qualquer coisa...

Qualquer coisa que não seja você.

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