Ela se joga em mim
feito a lua no corcovado,
se derrete inteira,
ela é toda feita de vontades...
Ela vive pro amor,
pro mundo louco que tem na cabeça,
desaparece, me esquece,
depois volta falando besteiras.
E todo dia quente
quando jogado na sua cama,
eu me inspiro, tranquilo,
nuveando o quarto,
sentindo o vaguear da maresia...
Beijando seu pescoço,
às vezes me pego pensando
que poderia estar morto,
desembarcado por engano
no paraíso, num canto de paz.
Ela se joga em mim
feito o mar no arpoador,
não se rende, se agita,
me domina, me cerca de desejos
e delícias.
Ela adora sumir
feito a areia da joatinga,
e me inspira o sofrimento
que eu preciso pra ser feliz.
Ela é segunda feira,
feriado, é meu mês de férias,
ela é dia bom, dia que voa,
é santo quando bate,
amor de muito sol
e daquela chuvinha à toa.
Ela se derrete,
se joga, some,
me esquece...
E todo dia quente,
quando me apronta dessas,
eu sofro, surto,
surdo, mudo,
eu fujo do mundo...
Porque é tristeza demais,
tristeza boa pra ter no escuro.
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