quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Lugares

O vento desse fim de tarde
passou me cobrando amor,
disse que tá com saudade
de quando nós íamos ao arpoador.

As amendoeiras do jardim de alah
sacudiram só pra me contar
que outro dia você passou por ali
e não foi pra me encontrar.

A garça da lagoa
entre um helicóptero e outro
me disse que torcia muito
pra que a gente fosse feliz...

Até o redentor
num dia de indumentária clássica,
no seu branco acinzentado,
no seu azul mais que divino,
me disse cheio de verdade
que nosso amor já está escrito.

E acredito mesmo que esteja,
só que é escrito na cidade,
onipresente, flutuante por toda parte,
nos horizontes, nos bares que fecham tarde,
nos postos de gasolina,
no ciúme à toa de qualquer menina...

Nós dois estamos esculpidos nos nossos cantos,
nas ruas escuras do alto,
no tumulto eminente das quintas do baixo,
no oito, no dez, nas areias,
nas pedras portuguesas.

Nós somos
se não mais por nós,
apaixonados incorrigíveis
pelo amor que espalhamos aqui.

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