segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A maioria do tempo eu dormi

Esse ano eu não fiz nada importante;
eu nem quis.

A maioria do tempo eu dormi,
mesmo sem sono, só pra não viver,
eu não tenho saco,
menor vontade de pagar pra ver.

Andei muito depressivo,
andei sozinho,
andei vivendo...

Chutando pedra,
jogando com a sorte,
andando a esmo pela madrugada.

Ah, eu descobri que meu eu solar é uma farsa,
só vivo a noite,
me incomodo profundamente com a matinada.

Esse ano eu deixei tudo pra depois,
exatamente como fiz nos outros vinte e dois.

Não virei piloto de helicóptero,
não fiz um amigo sóbrio,
eu não dei fim em velhos hábitos,
não obtive nenhum êxito.

Eu amei gente,
sobretudo loiras de olhos claros
e umas morenas bem apanhadas.

Amei de novo quem já tinha amado
e chorei amores derramados
por sobre muitos destilados.

Joguei a vida no carnaval,
conheci o outro mundo a contra-gosto,
perdi um verão e ganhei outro,
testei meu santo o tempo todo.

Esse ano eu não fiz nada importante;
eu não quis.

A maioria do tempo eu dormi.

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