Elas despejam os seus corpos nas areias,
surrupiam o amor mesmo do mais corriqueiro olhar,
elas caçam, se alimentam, se hidratam dessas paixões,
ah, e como são cruéis, elas são medusas,
são vilãs, por estúpida coincidência,
por descuido ou vocação,
elas são...
E despejam os seus corpos pelas noites,
entre as baforadas dos cigarros
e os lugares da cidade com vampiros pelas ruas,
elas passam, se misturam,
elas não pedem desculpa,
ah, como são cruéis, elas são quase putas,
são delícias, são meninas encantadoras,
e por uma súbita vontade, por milagre,
por qualquer coisa que dá no coração,
elas são...
E não ficam muito tempo sem fazer,
elas fazem, como fazem,
como gostam de fazer,
todos gostam,
todos querem,
e elas fazem tão bem,
ah, como fazem.
Elas despejam seus talentos na cidade,
vão distribuindo olhares,
vão abrindo os apetites,
elas são tão firmes,
desfilam seus corpinhos sempre herméticos,
elas são um tapa na cara
dos homens sinceros e dos céticos...
E despejam os seus corpos nas areias,
seminuas e a vontade,
deixando a vontade por onde passam,
largando passos descobertos,
repletos de liberdade.
E quando esquecem dos olhos perdidos que usam pra fazer tipo,
quando olham de fato,
quando fitam o mundo com os faróis esverdeados,
elas são o perigo, a personificação do mal,
perversas, doentes, bandidas,
mas de um amor celestial.
Elas despejam os seus corpinhos pelas areias,
vão colhendo os olhares de sempre,
escravizando, seduzindo,
e fazem rindo,
achando lindo o sol, o sal, o mar,
elas fazem e fazem muito,
fazem bem e nem percebem,
e o que elas são?
Eu não sei.
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