Sim, eu não sou ninguém,
não represento nada,
não trago amor o suficiente pra ter luz própria,
nem sou indecente o suficiente pra ser um vampiro.
Eu vivo numa borda,
caminho numa margem,
mergulho de quando em vez num rio de felicidades,
ah, também tenho umas vaidades,
nada grave, nada grave.
Sim, não sou ninguém,
e morro de medo de um lugar ao sol,
sou muito apegado ao meu lugar ao sul,
especialmente ao meu canto na sombra,
meu canto discreto com banquinho e violão.
Eu vivo um verão todo especial,
eu vivo uma versão da vida inteiramente saturnal,
sou bônus track,
versão do diretor,
sem corte, sem censura,
roteiro feito de amor.
Sim, não sou ninguém,
e sou repleto de fraquezas e de dor,
eu sou defeito,
meu ponto forte é ser quem sou.
E eu não sou ninguém,
só trago comigo um indiscreto brilho,
uma inocência no olhar,
trago cigarro,
arrasto sapatos,
eu bebo um pouco demais.
Sim, não sou ninguém,
e nunca fui, se bem me lembro,
se já quis ser, também não sei,
mas quando estive perto, eu tirei tudo de mim,
e tive ela, até mais de uma,
e enquanto tive, fui bem feliz.
Sim, não sou ninguém,
eu sou um erro, vivo como múltiplo de zero,
já não caminho com quem me ama,
nem como quem ainda ama...
E hoje eu só finjo,
só vivo como quem não se incomoda com nada,
como quem não se importa com o que ela pensa,
ah, eu finjo que não me incomodo com ela tão longe,
e mesmo que a ame, que ainda a ame,
eu já não me aflijo com qualquer dispensa,
eu não derramo, não agito os meus mares por essa sentença.
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