terça-feira, 6 de outubro de 2015

Até quando

Acordei para ditar isso à minha alma,
fiz para entender melhor tudo o que me faz sofrer,
ando desconfiado de uma crônica depressão,
de uma incurável fissura no coração,
há dias em que me levanto curvado,
atarantado com não sei o que,
me olho no espelho
e então me resguardo do amanhecer.

Acordo pra escrever,
pra me descrever pro escuro,
e enquanto qualquer uma dorme do meu lado,
eu sonho os nossos passos,
eu lembro dos amassos, dos olhares,
dos espaços que eram ternos
e hoje são só o vento leste,
e são árvores tristes se dobrando,
as pedras molhadas, cantos sem cantos,
sem nós para as fotos,
sem amor para as telas dos finais de tarde.

Acordo pra saudade,
não há mesmo um outro motivo,
tenho sido um frasco vazio,
me sinto sem alma,
trazendo somente esse amor tardio
jogado nas costas.

Sim, ainda acordo,
não sei até quando,
não sei por quanto tempo,
mas eu conto os dias
e eles já passam de trezentos,
trezentos diferentes dias,
trezentos diferentes sofrimentos.

Há quem peça pra que eu pare,
há quem diga que é bobagem,
e eu me divirto por eles,
finjo qualquer felicidade,
mas depois volto pros teus braços,
volto para os sonhos,
volto para os nossos passos,
nossos cantos que eram ternos,
nossos velhos fins de tarde,
eu volto, sozinho,
fugindo do vento leste,
fingindo, só não sei até quando.

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