segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Quintas

Não restam mais dúvidas, acabou-se o mistério,
definitivamente a culpa é das quintas-feiras,
são, são essas de chuva e pensando bem as de sol também,
são as noites, as tardes, são as manhãs,
todas de quinta-feira.

Não sei o que acontece, se é um santo que desce,
se é meu anjo que folga, se é cansaço,
mal de amor, se é ciúme,
se é fraqueza, má alimentação,
melancolia...

Sei que sofro de um mal maior
e geralmente vem as quintas-feiras,
uma como essa de hoje,
uma exatamente como essa...

Dia como qualquer outro,
mas em que eu me levanto com esse peso nos ombros,
com essa dor de fundo de olho,
e o peito estafado, apertado,
a garganta doendo...

Dia como outro qualquer,
mas que passo engolindo a seco,
que passo aflito, aéreo,
sumido de mim mesmo.

E se bem fiz as contas
não restam mesmo dúvidas,
a culpa é dela,
a culpa é toda da quinta-feira...

Por isso já às sete eu vou pro baixo,
jogo assim, eu jogo baixo,
porque se o mal é de amor,
e se a vida é só tristeza,
que a mim venham os meus.

E se o problema é a languidez,
é esse fastio, essa lombeira,
saiba o meu corpo que a noite é longa
e que amanhã ainda é sexta feira.

É, a culpa é dela mesma, não há o que explicar,
não há mais o que investigar,
e o remédio é um só, sair de casa,
mas pensando bem, toda essa fraqueza, essa tristeza,
já tem tanto tempo que nem lembro como era antes,
antes dessa fuga desenfreada...

E andei pensando nisso pra saber da causa,
talvez esse remédio tenha algum efeito colateral,
mas não convém pensar nisso agora...
já são quase sete, eu preciso ir,
me mandar, estar bem longe antes que pense em desistir.

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