Eu já não me enxergo no espelho,
eu não me vejo,
não sei mesmo do que sou feito,
se ainda existem sonhos,
se ainda existe algo legítimo,
algo que seja relevante como o amor e a dor.
Às vezes me sinto um fantasma,
sou como uma assombração,
a sombra que tampa o sol na roseira
e mata as flores mais lindas
de todo jardim.
Eu já não vejo problema,
também não vejo solução,
sou como uma aparição,
um pedaço do mal que há no caminho,
um bom pedaço de um mal
que rasteja e não deixa vestígios.
Às vezes eu sigo pelas ruas
de encontro a outros mortais,
e me escondo atrás das lentes escuras
que são como minha alma,
o meu mood mais sincero;
porque eu sou como um fatasma,
uma manifestação,
um vulto, spectro que não pulsa mais...
E eu já não vejo problema,
também não vejo solução,
eu sou como uma aparição,
um esquecido pelo astral,
desastre do paranormal,
sou vivo e lindo,
e morto e esquecido,
sou como um fantasma sem memórias,
sem amor, sem dor, sem flor alguma em seu jazigo,
sem nada em seu coração,
sem coração, coragem, dom.
Porque eu sou como um fantasma,
eu sou como uma aparição,
vivendo nas paisagens,
sobrevivendo a solidão do mundo,
vivendo esse escuro,
colhendo as flores mortas do jardim
à sombra dessa parte, desse eu covarde,
e de toda minha minha insensatez,
minhas escolhas tristes,
o meu eu lírico vilão,
sou essa aparição,
eu sou, sou como um fantasma.
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