Hoje a repetida noite
me trouxe uma sensação nova,
e já fazia tempo
que eu andava descrente de encontrar.
Tem uns bons quinze dias
que eu não falo de você,
e sinto falta de qualquer dor
só pra por o amor em dia.
Anda me faltando aquela vontade
de me jogar da janela do seu andar...
Ainda acho o elevador tão sem graça.
Aliás, hoje eu descobri andando na lagoa
que vão derrubar aquele prédio da nossa quadra,
aquele quase na epitácio...
E eu lembro muito bem de dizer que era alí,
de dizer que a gente ia... ah, é melhor deixar pra lá.
Menina, cê me perdoa?
Mas é que eu me peguei ouvindo umas músicas,
usando umas coisas... e de repente já eram dez pras três.
Eu nem me liguei, só que já tinha tanto tempo
que eu não prestava atenção no Cazuza.
Que loucura, imagina a fissura,
a cara de tacho, a falta de norte...
Que sorte!
De repente eu já estava alto,
muito alto pra acertar o seu telefone,
e ainda meio baixo pra cair no choro, no sono...
Uma linha tênue difícil de se equilibrar.
Hoje a noite ia bem,
e faziam uns bons quinze dias...
Mas agora já posso parar de contar.
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