segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Silêncio

Toda noite espero por isso,
como um vício,
o arrepio que acorda,
o susto que traz de volta,
que apunhala essa falta de amor pelo mundo.

Pouco a pouco
e cada vez mais eu acredito
que essa seja a dura realidade
de todo pouco louco como eu...

Saber que a lucidez é um choque,
um veneno dos mais mortíferos e cruéis,
desses que não mata, enlouquece.

Veneno que te acorda
no meio do caos dessa escolta flutuante de maneiras,
desse modos operandi esquizofrênico que rege tudo a sua volta.

Veneno que torna realidade num ato súbito todos os teus medos,
te sufoca e joga na infinita falta de desejos
que vem se tornando esse lugar...

Aí te corta a onda, as asas, o tempo
e põe pra exposição...

Te julga, te maltrata,
transforma em vilão.

Em costume, em rotina,
te corrompe e te transmite a genética da sina
de ser quente, de ser quem sente e sofre,
quem se rende pra tirar do peito uma luz que seja.

Mas que seja, que seja gelado então,
e estupre as regras, mate as feras,
e corte os sete pescoços, dos sete dragões de sete cabeças,
faça 12 trabalhos e jogue alho nessa platéia de vampiros,
arranque pela raiz essa ode aos trágicos vaticínios,
o mundo não é o fim, sim, surpreenda-se, não é...

A história apenas se repete.

Por isso, seja quem é, quem for, quem veio pra ser,
cumpra seus amores, seus desejos,
seja quem quis, seja você...

E vá, siga, siga noutras ondas,
voe com suas asas, faça no seu tempo,
não existe cartilha, não tem palavra mágica,
não existe nenhum grande ensinamento.

Erre, acerte, grite, ame,
ame muito...

E lembre que de certo só há o eco da sua existência,
portanto exista, não seja silêncio.

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