terça-feira, 6 de agosto de 2013

Pé na bunda

Amor, me dê um pé,
na bunda...

Que nessa vida imunda
o que eu mais quero é falar de tristeza,
da sua falta, do seu lugar vazio à mesa...
do frio que faz o seu lado da cama,
e da sua detestável mania de dizer que me ama.

Amor, me dê um pé,
na bunda...

E tire da última pétala de flor
um sonoro mal me quer... por amor!
Que é pra ver se eu me manco,
desencanto e canto algo melhor que:
Eu te amo, eu te amo, eu te amo...

Porque eu não me aguento mais
e detesto ser escravo dessa repetição.

Me dê um pé, por favor,
eu não sou de ser feliz...
Tenha dó, tenha dó,
tenha dó de mim.

Eu preciso tanto, amor,
preciso tanto de dor.

Ser feliz anda tão last week
que new wave de verdade hoje é sofrer,
é sofrer e de tanto sofrer
ter que cantar...

Me dê um pé, me desmanche,
e grite as verdades nuas,
me deixe jogado na rua da amargura,
de cara no asfalto, falando alto,
voltando pra casa num arrasto sem igual...

Aproveite e arranje um mandado de segurança
de uns quinhentos metros
e use os métodos mais escusos pra me destruir.

Me dê um pé, e diga o quanto não me quer,
me processe, me restrinja, acabe com a minha vida!

Declare seu desamor
pelos "outdores" da cidade
pra todo mundo ler...

Compre um intervalo do jornal nacional
só pra dizer: "Eu odeio, eu odeio, eu odeio você!"

Benzinho, me dê um pé,
não é pedir muito, faça por amor...
E não me leve a mal,
eu sei que é difícil de entender.

Mas é que a minha onda é sofrer
e tudo anda bem demais com você.

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