terça-feira, 1 de outubro de 2013

Santo sujo

Se o tempo pudesse
parava em cinco oito,
e devia...

Porque nunca chega de saudade
ver aquela realidade tão distante,
deste dia.

E o cento e sete,
a Elizeth, a bossa, a fossa,
a nossa grande dor
de viver pra ver essa ipanema apocalíptica,
especulada, loteada, agonizando com a fama,
como no apagar da velha chama.

Mas essa dor tão presente,
tão cruel e insistente...

Não me pega pela Montenegro,
perdão poeta, mas ainda é cedo.

Fosse eu, te punha nas Acácias,
e fazia dessas bandas um culto aos teus vícios imorais.
Fundava o sindicato da bossa sempre nova
e abria o cinema dos teus olhos na Visconde Pirajá.

E por falar em paixão, Tom,
te resgatava logo que pudesse daquele esquisitíssimo Galeão,
e em teu nome plantava palmeiras imperiais
pelos escassos canteiros
devastados por Sergios Dourados
e outros sem jeitos, sem poesia.

E se desse tempo, eu acho que me arrependia,
voltava, tirava Vinicius das Acácias,
botava de vez entre a Maria e a Joana,
ali na Senhora da Paz...

Na marra, eu arrumava uns milagres
e pagava pra ver o santo sujo,
o aluno do místico...

Verdadeiro barão de ipanema,
imortal, eclesiástico...

E ainda me faltariam títulos,
e não haveriam adjetivos,
se por acaso não existisse paixão pra explicar...

São sujo,
o defensor das causas imorais.

De Moraes.

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