sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Teje morta

Meu amor, eu tenho umas verdades para lhe dizer,
e eu tenho tudo em suaves notas
que é pra lhe satisfazer,
eu escrevi de noite, foi numa madrugada,
do dia dois ou três,
já não me lembro bem, só lembro que ninguém
tirava de mim algo que não fosse dor...

E agora eu tenho aqui, tudo para lhe entregar,
a dor na tinta e no papel,
como se eu tivesse feito do amor uma sangria
e tivesse curado a febre que me mataria
amanhã de manhã.

E meu amor, eu espero que haja um contágio,
eu espero que você se mate com a minha dor,
e se não se matar, eu espero que você,
não passe dessa noite,
não passe dessa noite,
não passe dessa noite...

Mas se você passar, eu prometo que faço uma serenata,
eu boto uma gravata pra ir te encontrar,
eu canto pra sua varanda, toco até te cansar,
até te ver sair voando da sacada,
até te ver de cara, de cara na calçada.

Meu amor, eu te odeio,
eu te quero, a sete palmos do chão,

Meu amor, vá pro inferno,
eu te quero, gelada num caixão.

E se você ficar, se no fim não se matar,
eu espero que você não passe dessa noite,
não passe dessa noite,
não passe dessa noite.

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