segunda-feira, 18 de julho de 2016

A revelia

Hoje o dia amanheceu cinza,
igual aos outros dias da minha vida sem você,
o mar está enorme, a chuva fria e fina,
e a minha saudade aperta cada vez mais.

Passo pelas pessoas na rua e tudo parece irreal,
o Rio visto tão cinza é uma armadilha pro meu astral,
e ipanema é triste sem você,
mil garotas poderiam passar pra eu ver,
que eu não conseguiria ensaiar nenhuma canção,
eu não teria forças pra escrever um verso sequer.

E quem me olha assim, por aí,
logo pensa que é porque alguém morreu,
enquanto quem me conhece,
sabe que quem tá morrendo sou eu.

E eu vivo assim,
a revelia da vontade do meu corpo,
eu vivo, sim,
mas ando distante de tudo que um dia fui.

Passo pálido, semi-morto pelas ruas escuras,
vago procurando qualquer certeza;
é que há tempos eu escondi meu amor pela cidade
pra poder corar quando fosse preciso,
e agora busco tudo pra ter de volta alguma verdade no peito,
pra continuar aqui, esperando você,
aqui, esperando você voltar pra ver.

Nenhum comentário:

Postar um comentário