terça-feira, 5 de julho de 2016

O Rio

Eu não pertenço ao mundo,
eu pertenço ao Rio,
e ao frio que faz
quando faz vinte graus...

Pertenço ao endereço abençoado
dessas areias escaldantes,
dessa savana tupi-guarani,
com suas loiras movediças
e suas morenas com olhos de armadilha.

É que eu me sinto tão bem entre essas estacas
que só posso pedir que me esqueçam,
que me deixem viver entre os postos,
porque só aqui estou sempre
à postos de verdade para ser feliz...

E ainda que me tornasse escravo,
um falso, miserável
e sórdido escravo...
eu vagaria feliz
por entre esses estreitos quilômetros quadrados.

Por isso, eu insisto,
sincero, eu repito...

Não me peça para tentar,
me faça um favor,
me solte, me esqueça nesse sul,
não me chame pra outros cantos,
não me importo com outros lados...

Eu não pertenço ao mundo,
eu sou do Rio...

Criado debaixo desses braços santos,
um ser folgado, solto, manso,
relaxado...

Vivendo sempre assim,
de acordo com esse meu eu lírico
muito bem intencionado.

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